'Estou destruída e querendo a morte', diz esposa grávida de PM morto em SP
Faltava menos de meia hora para o sargento da Polícia Militar José Valdir de Oliveira Junior, 37, chegar em casa em Jundiaí (SP) depois de uma noite de plantão. Foi quando a esposa dele, Bianca Romando Magri, 23, que ainda estava dormindo, recebeu uma ligação de uma amiga também da PM, por volta das 6h30, do último sábado (8). Foi pela colega que ela descobriu que o marido morreu em uma troca de tiros que vitimou mais dois PMs e o suspeito dos disparos.
"Tinha uma ligação perdida de uma amiga minha policial. Até achei que ela precisava de alguma coisa, porque tem nenê pequeno e ela me ligou e falou: 'está tudo bem?' E eu: 'está'. E ela com voz de choro disse: 'eu achei que você já sabia' e eu 'sabia do que?' E ela: 'não, nada, volta a dormir.' E eu falei: 'me fala o que aconteceu'. E ela. 'Não, eu não consigo'. E eu repeti 'me fala o que aconteceu, foi com alguém da minha família?' e ela não falava", contou Bianca ao UOL.
Desesperada, ela primeiro achou que fosse algo com sua mãe, mas depois de um telefonema, a hipótese foi descartada. Então, voltou a ligar para a amiga policial. "Eu perguntei se era o Junior e ela falou que era. Eu perguntei se ele morreu e ela falou 'morreu'. E eu estava em casa sozinha esperando ele chegar."
No sábado, horas após a morte do marido, ela foi levada de avião para Presidente Venceslau (SP), onde ocorreram o velório e o sepultamento. Entretanto, na manhã de hoje, ela teve um mal-estar e precisou ser hospitalizada.
Estou destruída e querendo a morte. Eu tive um surto. Eu preciso do Junior aqui ou que ele me leve junto
Bianca também é policial militar e estava com o sargento há quase dois anos. Ela está grávida de gêmeos, em uma gestação de três meses, e disse que o marido acompanhava de perto todo o processo.
"Ele ia em todos os médicos e ultrassons. Mesmo sabendo que não poderia entrar por causa da covid-19 [que restringe o acesso aos consultórios], ele ia. Quando escutamos pela primeira vez os corações dos gêmeos, foi tão emocionante que a doutora até o chamou e deixou ele entrar. E ele ouviu os corações. A única roupinha que os gêmeos tem, foi ele que deu", relata.
O sargento estava havia 14 anos na corporação e, além dos filhos que esperava, tinha uma filha de 16 anos.
Entenda o caso
O sargento José Valdir de Oliveira Junior e mais dois PMs faziam patrulhamento de rotina na Avenida Escola Politécnica, em São Paulo, quando abordaram um Fox ocupado por dois homens — um deles se apresentou como policial civil, mas usava uma identificação falsa.
A identificação dele foi recolhida para análise, além de uma arma. Enquanto os policiais checavam os documentos, o falso policial sacou uma segunda arma e atirou contra os PMs. Os agentes foram levados para o Hospital Universitário, mas não resistiram e morreram.
O soldado Victor Rodrigues Pinto da Silva, 29, também era casado e deixa a esposa grávida — em estágio avançado de gestação, não especificada pela PM. Ele estava na Polícia Militar havia quase sete anos.
Já o soldado Celso Ferreira Menezes Junior, 33, era divorciado, não tinha filhos e estava na PM havia mais de 10 anos.
O atirador também foi baleado e acabou morrendo. Outro homem foi detido, sem ferimentos. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A PM também instaurou inquérito policial militar.
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