Polícia aponta pré-candidato e PM como mandante da morte de irmão de Freixo
O ex-PM Fábio Soares Montibelo, presidente da escola de samba Porto da Pedra e pré-candidato a vereador na Câmara Municipal de São Gonçalo, é apontado pela Polícia Civil do Rio como um dos mandantes do homicídio de Renato Freixo, irmão do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL). O crime ocorreu em 2006 e somente nesta semana o inquérito foi concluído pela 10ª Delegacia de Acervo Cartorário da Polícia Civil.
De acordo com a TV Globo, os outros autores do crime são o policial militar Marcelo dos Reis Freitas —apontado também como mandante— e Alexandre Ramos, que é acusado de ter atirado contra Freixo e a mulher dele.
Segundo as investigações, a motivação do crime seria vingança. Marcelo dos Reis e Alexandre Ramos faziam a segurança do condomínio de Freixo, no bairro de Piratininga, em Niterói, e foram demitidos pelo então síndico do prédio, Renato Freixo, que alegou que a dupla desempenhava a função de forma irregular.
Em junho de 2006, Freixo e a mulher foram atingidos por tiros quando pararam o carro para entrar na garagem do prédio onde moravam. Valéria Motta foi atingida no ombro e no peito e conseguiu sobreviver.
O inquérito foi concluído apenas nesta semana, 14 anos após a morte de Renato, na ocasião com 34 anos.
"Durante as investigações, foram ouvidas dezenas de testemunhas, realizadas inúmeras buscas e apreensões, além de quebras de sigilo que ajudaram a chegar aos autores do assassinato. Também foram identificados que os álibis deles eram frágeis e que os mandantes tinham motivação. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público", informou a Polícia Civil por meio de nota.
O UOL procurou Fábio Soares Montibelo por meio de suas redes sociais, mas ainda não obteve retorno. A reportagem não localizou os outros dois suspeitos de envolvimento no crime.
Marcelo Freixo: "Tempo demasiado mexe com a gente"
Em uma live com o vereador do Rio Tarcísio Motta (PSOL), na noite de ontem, o deputado federal Marcelo Freixo comentou, emocionado, a conclusão do inquérito e destacou a demora na conclusão das investigações.
"Eu não consigo definir o sentimento que eu estou porque é muito difícil, foi uma coisa devastadora na nossa vida (...). Renato foi uma pessoa que só fez o bem, pessoa correta (...). A gente sabe que foi vingança de gente corrupta da área de segurança, por uma coisa certa que ele fez no condomínio onde morava, e 14 anos depois a polícia concluiu o inquérito. É um tempo muito demasiado que mexe com o sentimento da gente."
O deputado comentou também a relação dos acusados com a política e a PM. "Essas três pessoas que a polícia aponta são todas da polícia, não faço disso discurso de ódio contra a polícia, temos certeza que nem todos são assim. A polícia não é lugar para criminoso, não deve ser. Criminoso não tem que se esconder na polícia. Um deles parece que é candidato. São essas coisas do Rio: crime, polícia, política, destroçando a vida de tanta gente boa e jogando esse Rio de Janeiro em um buraco cada vez maior", disse.
O parlamentar contou ainda que o pai dele nunca aceitou a morte do irmão, adoeceu e morreu 12 anos depois de o filho ser morto sem saber o que tinha acontecido com ele.
Além de síndico do prédio onde vivia em Piratininga em Niterói, Renato Freixo era assessor na Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia da Prefeitura. Na ocasião, Marcelo Freixo era pesquisador da ONG Justiça Global.
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