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MPF pede reforço na segurança em região sob ataques de garimpeiros

Imagem mostra garimpo ilegal em terra indígena no estado do Pará - Secom Ibama
Imagem mostra garimpo ilegal em terra indígena no estado do Pará Imagem: Secom Ibama

Do UOL, em São Paulo

28/05/2021 00h01

O MPF (Ministério Público Federal) pediu reforço na segurança pública na região de Jacareacanga, cidade localizada a 1.706 km de distância de Belém, além de proteção para lideranças ameaçadas por garimpeiros.

Segundo a entidade, a casa da líder Munduruku Maria Leusa Kaba foi incendiada em ataque na aldeia Fazenda Tapajós e criminosos ameaçam atacar outras aldeias. O objetivo seria intimidar lideranças que são contrárias ao garimpo nas terras indígenas.

A região vive uma série de conflitos desde o início da semana, quando foi deflagrada uma operação da Polícia Federal e do Ibama contra o avanço do garimpo ilegal.

O jornal "O Estado de S. Paulo" teve acesso a conversas trocadas entre garimpeiros e o vice-prefeito de Jacareacanga, Valmar Kaba (Republicanos). Nas mensagens, eles combinam ações para fechar supermercados e todo o comércio da cidade, ontem, além de se encaminharem até o aeroporto da cidade, em protesto contra as ações.

"Agora é que é o momento. É combinar tudo. Esses restaurantes, comerciantes? Fechar tudo. Eles não vão aguentar sem comer. A articulação é essa daí, comerciante, mototáxi, barqueiro. Agora é que é a hora do movimento, entendeu", diz Valmar Kaba.

Em uma resposta enviada ao vice-prefeito, outra pessoa diz: "Eu topo isso, Valmar. Se o pessoal concordar, chegou a hora de nós fazermos o movimento agora. Cadê os guerreiros, que vão para o movimento? Cadê os chefes dos guerreiros, também? Tem que se unir. Comigo não tem frescura, não, Valmar. Eu não tenho medo, eu topo mesmo. Chegou a hora de nós fazermos isso. Nós temos que fechar os comércios todos. Temos que nós unir para ir pra lar pro aeroporto".

A reportagem tentou contato com o vice-prefeito, mas não obteve resposta.

A Abip (Articulação do Povos Indígenas do Brasil) e a Coiab (Coordenações das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) divulgaram nota de alerta e risco de vida aos 14 mil indígenas que vivem na região.

"Mais uma vez, vidas indígenas estão ameaçadas pelo garimpo e por garimpeiros na Amazônia. A rotina de terror se repete também na TI Yanomami, em Roraima, sob ataque intenso desde o início do mês. A deputada Joenia Wapichana denunciou a situação na TI Munduruku durante sessão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal."

Pelas redes sociais, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) declarou que enviou pessoal para "mediar" a crise.

"Preocupado com o clima de tensão, provocado por uma operação dos órgãos do governo federal em Jacareacanga, pedi para o Comandante Regional da Polícia Militar se dirigir ao local. Com reforço de tropas estaduais, para fazer a mediação com os órgãos federais para uma negociação pacífica e preservar a população."