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Rio atinge nível histórico em Manaus; prefeito diz que cheia atrai turismo

Rio Negro sobe a nível histórico e atinge 15 bairros em Manaus - Defesa Civil de Manaus/Divulgação
Rio Negro sobe a nível histórico e atinge 15 bairros em Manaus Imagem: Defesa Civil de Manaus/Divulgação

Bruna Chagas

Colaboração para o UOL, em Manaus

30/05/2021 11h16Atualizada em 30/05/2021 12h25

O Rio Negro atingiu 29,97 metros neste domingo (30) e acaba de igualar o recorde atingido em 2012. Em coletiva no Porto de Manaus (AM), o prefeito da cidade, David Almeida (Avante), disse que estão preparados para dar o suporte necessário para a população. Ao todo são 15 bairros atingidos pela cheia.

"Hoje atingimos a marca de 29,97 metros, igualando a marca histórica de 2012. A cidade se preparou para isso. O rio continua subindo, certamente iremos ultrapassar essa marca de 2012, porém espero que essa água comece a descer para que a gente possa voltar ao normal na cidade", ressaltou o prefeito.

Entre as ações para assistir a população, segundo o prefeito, estão as passarelas de madeira, feira flutuante, o auxílio enchente de R$ 200, entrega de cestas básicas, de kits de higiene e cadastramento de famílias. Além disso, ele afirmou que a cheia dos rios acabou virando uma atração turística. "A prefeitura se preparou para receber a maior enchente de todos os tempos, tanto que a cheia virou até uma atração turística", disse o prefeito.

Perdas no comércio

Rio Negro - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
A comerciante Marinilza Mirna perdeu mercadoria e diz que não consegue calcular prejuízo
Imagem: Arquivo Pessoal

A inundação de ruas no centro da capital causou impacto maior entre os comerciantes, que alegam perdas de mais da metade dos rendimentos mensais pela queda de vendas. Plataformas de madeira foram instaladas para o acesso dos pedestres entre as praças, ruas e as calçadas.

Marinilza Mirna Garcia Rocha, de 52 anos, que trabalha no Mercado Municipal Adolpho Lisboa há 12 anos, vendendo plantas e ervas medicinais, contou que essa cheia prejudicou muito as vendas no entorno do mercadão.

"As pessoas têm medo de vir, mesmo com as pontes improvisadas. Tem pessoas que caem dentro da água que está podre e fede muito, ninguém aguenta. Além disso o nível do rio só aumenta e não dá trégua trazendo toda essa dificuldade", disse a comerciante.

Ainda segundo ela, o prejuízo é grande porque os produtos estragam e não há como repor. "Não tem como contabilizar o nosso sofrimento e as perdas financeiras. É um terror", contou.

Sobre a fala do prefeito de que a cheia atrai turismo, a comerciante diz que "em parte" virou mesmo, mas não acha isso positivo. "Pelo que vemos nas redes sociais o povo curtindo e fazendo graça com a enchente, nem aí para tragédia. Ele [o prefeito] deveria se preocupar em ajudar o comerciante que está sofrendo com essa cheia".

"A venda caiu muito perto do que a gente conseguia vender antes da cheia", afirmou Joice Gonzaga, uma vendedora de cosméticos da Praça do Relógio, local afetado pela cheia do rio.

Segundo o comerciante Elson Freitas, de 40 anos, que trabalha na rua dos Barés, famosa no centro da cidade por ser uma rua de comércio, contou que está se preparando caso a água chegue a entrar no estabelecimento dele. "Estamos comprando um pouco mais de mercadorias. Um estoque para poder não perder tanto as vendas".

Elson contou que o mau cheiro da água é outro incômodo, e ratos que invadem o local têm espantado os clientes da área, além do próprio medo da pandemia. "Devido à cheia, os ratos não têm para onde correr e acabam invadindo os estabelecimentos", disse.

Outros municípios

Ainda de acordo com a Defesa Civil do Estado do Amazonas, 58 dos 62 municípios sofrem com a cheia dos rios. O número de cidades que estão em situação de emergência chegou a 26. O total de pessoas afetadas em todo estado passa de 455 mil.