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Homofobia: Vítima de estupro coletivo em Florianópolis está em estado grave

Medo, pânico, violência, abuso sexual, estupro, assédio, crime - iStock
Medo, pânico, violência, abuso sexual, estupro, assédio, crime Imagem: iStock

Julia V. Kurtz

Colaboração para o UOL, de Passo Fundo (RS)

05/06/2021 19h45Atualizada em 06/06/2021 11h37

Um jovem gay de 22 anos foi internado em estado grave no hospital após ser estuprado por três homens. O crime ocorreu em Florianópolis (SC), na segunda-feira (31), mas só foi divulgado pela polícia ontem.

O caso corre em segredo de justiça e a maior parte dos detalhes não foi revelada. Informações preliminares divulgadas pela polícia apontam que a vítima foi abordada pelos criminosos no centro da cidade. Durante o estupro, os suspeitos utilizaram objetos cortantes inseridos em seu ânus.

Em um momento do ataque, a vítima foi obrigada a escrever palavras homofóbicas no corpo, como "veado", com os objetos cortantes para que deixassem cicatrizes. Após o crime, ele foi abandonado na rua em estado grave e levado ao hospital, onde permanece internado em estado grave.

O atendimento inicial do caso foi feito pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de Florianópolis e, em seguida, repassada para a 5ª Delegacia de Polícia da Capital. A polícia informou, em nota, que já tomou as providências necessárias e não vai se manifestar sobre o caso no momento.

A suspeita principal é que a vítima tenha sido alvo de crime de ódio.

O caso está sendo acompanhado pela Comissões de Direito Homoafetivo e Gênero e do Direito da Vítima da OAB-SC, que divulgou uma nota repudiando o ocorrido. "As Comissões estão diligenciando esforços, junto às delegacias especializadas e entidades de proteção à comunidade LGBTQIA+, para obtenção de informações sobre a apuração da autoria do crime e no auxílio jurídico e atenção aos familiares da vítima, manifestando, desde já, toda a solidariedade", disse a entidade.

Segundo a presidente da Comissão de Direito Homoafetivo e Gênero da OAB-SC, Margareth Hernandes, se manifestou publicamente lamentado o crime. "Mais um dia de violência no país que mais mata homo e transexuais no mundo. (...) Discursos de ódio são aplaudidos e (...) pessoas morrem de forma cruel", afirma, em uma rede social.

Confira a íntegra da nota da OAB-SC:

"A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Santa Catarina, através das Comissões de Direito Homoafetivo e Gênero e do Direito da Vítima, vêm a público manifestar repúdio ao crime bárbaro cometido na cidade de Florianópolis, contra um jovem gay de 22 anos, que de forma cruel foi torturado, estuprado e tatuado sob coação, com dizeres homofóbicos, permanecendo em estado grave no hospital.

As Comissões informam estar diligenciando esforços, junto às delegacias especializadas e entidades de proteção à comunidade LGBTQI+, na obtenção de informações sobre a apuração da autoria deste horrível crime e no auxílio jurídico e atenção aos familiares da vítima, manifestando, desde já, toda a solidariedade.

É mister reforçar o papel institucional destas Comissões, no sentido de trabalhar com a prevenção dessas violências, amparar as vítimas e buscar a punibilidade dos responsáveis por essa e inúmeras situações similares, que compõem um verdadeiro genocídio da população LGBTQI+, assistido frequente e cotidianamente no Brasil atual."