Ato em São Paulo toma a Paulista e a Consolação e pede saída de Bolsonaro
Milhares de manifestantes se reuniram na avenida Paulista e na rua da Consolação, em São Paulo, em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O ato, cuja concentração começou por volta das 16h, em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), terminou na praça Roosevelt, na região central, às 21h.
Durante a concentração, oito quarteirões da Paulista foram ocupados, da rua Pamplona até a rua da Consolação. Segundo a Frente Brasil Popular e o Povo Sem Medo, que participam da organização do protesto, 100 mil pessoas participaram do ato. A PM (Polícia Militar) informou que não vai divulgar estimativa de público.
A manifestação chegou a ocupar uma extensão de 1,8 km, da rua da Consolação até a avenida Paulista, segundo a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que tem representantes tanto no ponto de início quanto no término da manifestação.
Policiais acompanham de perto o protesto, fazendo um cordão entre a faixa da Consolação ocupada pelos manifestantes e a faixa onde o trânsito continuava fluindo. Uma agência bancária teve os vidros quebrados e lixo foi incendiado na rua, mas a maior parte da manifestação foi pacífica.
O país registrou neste sábado protestos contra o presidente em diversas cidades do país, como Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Salvador. Os manifestantes criticam a condução do governo durante a pandemia, no dia em que o país atingiu a marca de 500 mil mortos pela covid-19, patamar atingido só pelos Estados Unidos no restante do mundo.
Na capital paulista, os manifestantes também criticam o aumento da fome e do desemprego no país e a defesa da cloroquina feita pelo presidente, remédio comprovadamente ineficaz contra a covid. Pedem o impeachment de Bolsonaro e o chamam de "genocida".
É a segunda grande manifestação contra Bolsonaro no país este ano. A primeira ocorreu em 29 de maio.
Havia grande adesão ao uso de máscaras. Os manifestantes estão mais distanciados uns dos outros do que costumava ocorrer em protestos antes da pandemia. A área de maior aglomeração inicialmente foi em frente ao Masp, ponto de encontro do protesto.
Especialistas em saúde afirmam que há menos riscos de contaminação em lugares aberto, devido à circulação de ar, do que em ambientes fechados, mas o uso de máscaras e higiene das mãos é essencial para se proteger do vírus. Uma brigada de saúde voluntária, ligada ao movimento de moradia MTST, trouxe 2.000 máscaras PFF2 —as mais recomendadas contra a covid— para distribuir entre manifestantes.
O protesto é organizado pelo fórum "Campanha Nacional Fora, Bolsonaro", que reúne movimentos sociais e partidos de esquerda, como PT, PSOL e PC do B. Desta vez, centrais sindicais também aderiram ao protesto.
O protesto ocorre pacífico, sem incidentes. A Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP participa de um plantão jurídico para fazer uma mediação caso ocorram conflitos entre manifestantes e autoridades públicas.
Indígenas
Ocupando a dianteira do ato estavam representantes do movimento indígena.
Eles criticaram a atual gestão da Funai (Fundação Nacional do Índio): "Não nos representa".
"Intento é botar para fora esse genocida"
Presa e torturada na ditadura militar, Mariluce Moura, 70, segurava uma faixa com os dizeres "Geração 68 sempre na luta. Fora Bolsonaro".
"Somos sobreviventes da ditadura militar e nunca saímos da luta. Estamos aqui de novo nas ruas no intento de botar para fora esse genocida. O Brasil está num risco perigoso de caminhar de novo para um regime autoritário, cada vez mais violento", afirma a jornalista, que foi presa aos 19 anos, grávida, e teve o marido morto pela ditadura.
"Nós sofremos e lutamos muito pela redemocratização desse país. Nós tínhamos 18, 19, 20 anos. Isso não pode ser ameaçado por um projeto fascista de destruição do país. São 500 mil mortos na pandemia, boa parte deles por essa política genocida", disse.
Sindicato dos Metroviários participa de ato
Também há espaço na manifestação para pautas diversas — das agendas LGBT e feminista, defesa da educação e do meio ambiente, contra o militarismo, combate ao racismo. "Vacina no braço, comida no prato", puxa o bloco feminista ao microfone. "Não vai ter golpe, vai ter luta"
Até reivindicações específicas do movimento sindical estiveram presentes. O Sindicato dos Metroviários de São Paulo montou um vagão de metrô de pano. Eles criticam não só Bolsonaro, mas também o governador João Doria (PSDB).
"Doria, respeite os metroviários! Fora, Bolsodoria", pedem os manifestantes do sindicato.
Projeção em prédios
O iluminador Diogo Terra, de 30 anos, chamou atenção com sua projeção a laser em um prédio da rua da Consolação com os dizeres "Fora Bolsonaro" e "O ladrão é branco".
Ele levou bateria e equipamentos à manifestação e criou um conteúdo para projetar.
"Durante a pandemia, como acabaram os eventos, eu comecei a trabalhar mais com projeção de forma mais independente", diz.
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