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Polícia investiga morte de bebê de 4 meses em MS; "descaso", diz pai

Thamires Vitória Silva dos Santos não tinha marcas de agressão pelo corpo - Arquivo Pessoal
Thamires Vitória Silva dos Santos não tinha marcas de agressão pelo corpo Imagem: Arquivo Pessoal

Bruna Barbosa

Colaboração para o UOL, em Cuiabá

02/02/2022 19h10

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a morte de uma criança de quatro meses, em Três Lagoas (MS). De acordo com o pedreiro Ronaldo Evangelista Leite dos Santos, de 49 anos, a filha não acordou durante a madrugada para ser amamentada e, quando ele a pegou no colo, viu que a menina estava com sangramento na boca.

A situação ocorreu na última sexta (28). O delegado responsável pela investigação, Orlando Vicente, explicou que Thamires Vitória Silva dos Santos não tinha marcas de agressão pelo corpo. Ele aguarda relatório do médico legista e do SVO (Serviço de Verificação de Óbitos).

"O que posso falar no momento é que abrimos o inquérito para investigar. Estamos aguardando relatório do médico legista e do SVO", explicou o delegado.

Conforme a Polícia Civil, o boletim de ocorrência está em segredo de Justiça. A família de Thamires alega que o SVO não fez os exames adequados para identificar a causa da morte, que foi registrada como indeterminada.

"Velei minha filha só durante uma hora, ela ficou mais de quatro horas na UPA. Falaram que iam fazer exames, mas depois falaram que o SVO não tinha o equipamento, que teria que ser em Campo Grande e demoraria três dias", conta.

O pai lamenta que enterrou a filha sem saber o que, de fato, aconteceu com ela. Ele e a esposa registraram o boletim de ocorrência. Para Ronaldo, a morte de Thamires foi tratada com "descaso".

"Eles não assinaram o atestado de óbito dela. Ela ficou mais de quatro horas na UPA, sem eu e sem a mãe. Morta em cima de uma mesa, sem ninguém poder ficar perto dela, nem depois de falecida", diz.

Causa da morte indeterminada

Ao UOL, Ronaldo conta que no dia anterior à morte, a esposa avisou que levaria Thamires para que ela tomasse as vacinas necessárias no postinho do bairro.

"Ela tomou a vacina e a enfermeira não deixou ver o frasco, jogou no lixo, disse que ela [a mãe da criança] não poderia mexer. Minha mulher saiu do postinho e foi na irmã dela, chegando lá, viu que minha filha estava sangrando nas duas coxas", explica.

De acordo com o pedreiro, Thamires tomou três vacinas na coxa e uma oral (gotinha). Quando chegou do trabalho, reparou que a bebê não aparentava estar bem. Por volta das 19h, a criança ficou febril.

"Minha esposa deu banho e amamentou. Umas 22h30 trocou ela de novo, ela era acostumada a levantar de madrugada para mamar. Nessa madrugada, ela não acordou. Por volta das 4h, minha esposa me chamou e disse que ela [a criança] não estava bem", lembra.

Ronaldo afirma que quando pegou Thamires no colo, já percebeu que ela estava sem vida e tinha sangue na boca. Desesperados, os pais chamaram o Samu, mas por conta do tempo de demora no atendimento, decidiram pedir socorro para os vizinhos e foram de carro.

"Ela chegou na UPA já sem vida, tentaram reanimar ela por 40 minutos, mas como reanimar quem já estava morto? Eu quero saber do que ela morreu. Eu que sou pai não sei. Só sei que amanhã faz sete dias, minha mulher está dopada a base de remédios", diz.

Por meio de nota, a Prefeitura de Três Lagoas afirmou que a secretaria municipal de Saúde busca que o caso seja apurado o mais rápido possível. No entanto, estão aguardando os laudos periciais que vão indicar a causa da morte.

Leia a nota na íntegra:
"Antes de mais nada, salientamos a nossa solidariedade e pesar por essa partida precoce. Desde que foi informada, a Secretaria Municipal de Saúde também busca que o caso seja apurado o mais rápido possível.

Neste momento, estamos aguardando os laudos periciais que indicarão a causa da morte. Somente após isso poderemos tomar qualquer providência.

Salientamos o nosso empenho para que isso seja apurado com urgência.

Quaisquer outras informações que tivermos, vamos nos pronunciar com a mais profunda clareza, pois o trabalho de toda a equipe da Secretaria de Saúde é para o bem-estar e preservação da vida. Reforçamos nossa solidariedade à família."