Luxo e discrição: quem é o suspeito de mandar incendiar helicópteros no AM
O empresário Aparecido Naves Junior, 35, foi preso na manhã de quinta-feira (3) em uma mansão de luxo na cidade de Goiânia (GO), por suspeita de ser o mandante do incêndio que destruiu um helicóptero do Ibama no aeródromo de Manaus (AM) no último dia 24 de janeiro.
Segundo a PF, ele foi apontado por testemunhas como "envolvido em atividades de garimpo ilegal em Roraima" e quis incendiar os helicópteros em forma de represália às operações feitas pela PF e Ibama na região.
Naves Júnior foi preso em casa, no Condomínio Jardins Lisboa, em Goiânia. O local tem residências de alto padrão com imóveis no mercado sendo negociados a preços superiores a R$ 2 milhões.
O empresário não mantém qualquer perfil público nas principais plataformas digitais de redes sociais. Poucas aparições podem ser percebidas no perfil de amigos e familiares, que se referem a ele como "juninho" em alguns momentos.
Em registros oficiais, Aparecido é sócio de quatro empresas, três delas em Goiás e uma em Minas Gerais, com datas de abertura que variam entre 2011 e 2020.
Três das companhias, com capital social variando entre R$ 10 mil e R$ 50 mil, tinham relação direta com o comércio de peças de automóveis. A última, com pouco mais de um ano de criação, tinha como ramo a "reciclagem de resíduos" e o capital social de R$ 300 mil.
A companhia mais antiga e a mais nova de Aparecido têm o mesmo local de registro assinalado em documentos oficiais: um terreno vazio na esquina de duas ruas que não se cruzam.
O UOL tentou entrar em contato com todos os números fornecidos nos registros das quatro empresas de Aparecido, mas apenas um deles atendeu: o de uma pequena empresa de contabilidade de Goiânia.
Sem se identificar, um funcionário confirmou que a empresa de contabilidade tem Naves Júnior como cliente, acompanhando as contas de uma companhia de peças de automóveis aberta por ele, que "estava meio parada" nos últimos meses.
Ainda na tarde de ontem, o empresário foi encaminhado de Goiás para a Superintendência da PF em Manaus, onde deve aguardar julgamento.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa do empresário até o momento.
Relembre o caso
Na madrugada de 24 de janeiro, dois homens entraram no Aeroclube de Manaus e atearam fogo em um helicóptero do Ibama que era responsável por apoiar fiscalizações ambientais na região.
Os suspeitos teriam tentado incendiar outro veículo que estava no local, mas só foram bem-sucedidos com um deles. As duas aeronaves, que eram alugadas de uma empresa terceirizada, tinham ficado guardadas em um hangar até quatro dias antes do crime e estavam sendo vistoriadas para serem utilizadas em uma nova operação.
Mais de 600 imagens de câmeras de segurança foram analisadas para identificar os suspeitos de incendiar o helicóptero e, após as primeiras prisões, duas pessoas reconheceram o empresário como o mandante do crime.
Além de Aparecido, pelo menos outras cinco pessoas foram presas por envolvimento com o incêndio: o motorista que teria levado e retirado os executores da cena do crime; os dois suspeitos que atearam fogo na aeronave e os outros dois que teriam feito a ponte de pagamento entre o empresário e os incendiários.
A estimativa da PF é de que o prejuízo com o incêndio gire em torno dos R$ 10 milhões.
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