'Nem que compre a delegacia': Médico é investigado por tentativa de suborno

Um médico se tornou alvo de investigações da Polícia Civil após ter declarado em uma publicação em rede social que tentou subornar oficiais de uma delegacia do Rio de Janeiro para garantir a liberdade de uma pessoa que havia sido presa por porte de drogas.

Em um vídeo no Instagram, Lucas Magalhães Pombo, 26, manifestou revolta com um episódio no qual um suspeito foi preso ao ser flagrado com narcóticos. Nos vídeos, reproduzidos pela TV Globo, ele afirma que seria capaz de "comprar a delegacia inteira" para evitar a detenção.

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Na publicação, o médico relata que muitos internautas questionaram seu comportamento e a maneira como tentou driblar a lei, e ao rebater, diz: "Muitas pessoas vieram criticar, 'ah porque você ofereceu suborno, mimimi mimimi mimimi'. Mermão, o sistema tá errado, tá ligado? E dá um unfollow. Porque eu não faço questão de ter seguidores".

No entanto, Pombo publicou um novo vídeo mostrando "arrependimento" com a declaração anterior, que teve uma grande repercussão e efeitos negativos para sua imagem, e disse: "Nada passou de uma grande brincadeira, tá? Eu estava revoltado com a vida".

De acordo com a TV Globo, o caso começou na madrugada de sábado (16), quando Lucas Magalhães Pombo tentou ajudar alguns jovens que foram pegos pela polícia com drogas. Em um post numa rede social, ele relatou que chegou a oferecer a quantia de R$ 15 mil para garantir a liberdade dos infratores, mas não obteve sucesso, pois o delegado se recusou a aceitar o suborno.

"Fui em casa tomar café da manhã, delegado 'panguando' para liberar os moleques. Ofereci R$ 15 mil, o cara não aceitou. Se contenta aí com teu salário de R$ 15 mil teu verme. Todos vocês são corruptos, bandidos fardados", afirma ele, em uma das gravações publicadas no Instagram.

Em seguida, ele fez outra declaração na qual assegurou que faria de tudo para que os infratores fossem soltos, e decidiu aumentar a oferta em dinheiro aos policiais para reconsiderarem da decisão.

"Tudo indica que os moleques vão passar a Páscoa na cadeia por causa de uma pedra de 35 [gramas] de maconha. Aconteça o que acontecer, eu vou tirar vocês daí. Nem que eu compre essa delegacia. Acabei de oferecer R$ 50 mil pro maluco, no Pix. Continua com a tua ideologia da Polícia Militar do Rio. Morto de fome", afirma o médico.

Logo depois, Pombo fez um post no qual mostrou uma pesquisa sobre o piso salarial de um delegado, com o intuito de desqualificar o profissional responsável pelo caso e a categoria. "Faço em uma semana o que você ganha no mês, delegadozinho".

Ainda zangado com a situação, Pombo continuou os ataques à polícia em outro vídeo, no qual criticou as políticas de criminalização de drogas. "Aí galera, se vocês acham normal uma pessoa ser presa por causa de 5 gramas de maconha, por causa de 10 gramas de maconha, eu quero que você vá ..., entendeu?".

Intimidações

Lucas Magalhães Pombo alegou que passou a sofrer perseguições de policiais e recebe ameaças constantemente. Ele respondeu às intimidações: "Galera, seguinte, eu tô recebendo ameaça para c****** de policial. Bando de gente falando que vai me pegar de p******, que vai fazer isso, vai fazer aquilo. Só para avisar, quem tiver me ameaçando, estou printando e vou processar todo mundo. O papo tá dado".

Após suas falas chamarem atenção na rede social, ele divulgou um vídeo no qual mudou o tom de voz e o discurso. E garantiu estar arrependido das ofensas à Polícia Civil e que não fazia ideia da gravidade de seus atos.

"Eu fiz algumas postagens no Instagram completamente fantasiosas. Infelizmente, eu tenho recebido algumas ameaças. Nada passou de uma grande brincadeira, tá? Eu estava revoltado com a vida, eu quis me divertir, tipo, ser um pouco abusado aí, brincar. Mas, eu queria salientar aqui o meu respeito pela Polícia Civil, respeito por todos os profissionais de Segurança Pública, e queria pedir desculpas mais uma vez pela besteira que eu fiz. É isso".

Apesar da tentativa de lidar com a situação como um mal-entendido, Lucas Magalhães Pombo virou alvo de um inquérito aberto pela delegacia da Barra da Tijuca, a respeito do oferecimento de propina para autoridades e a razão da insistência do médico em ajudar jovens usuários de drogas.

Pombo também foi intimado ontem a comparecer à delegacia para prestar depoimento e esclarecer a situação.