Despachante faz 'feira livre' de armas no WhatsApp antes da posse de Lula
Identificado como "Despachante Bélico", o homem vende armas e oferece serviços para facilitar registro de atirador.
Como ele age
- No grupo de WhatsApp, diz que ficará "impossível ao cidadão de bem exercer seu direito de defesa" após a posse de Lula.
- Ele fala que o petista irá alterar a regulamentação de CACs (categoria que reúne colecionadores, atiradores e caçadores).
- Em seguida, encaminha dados com informações sobre as armas supostamente à venda com fotos, vídeos e valores, pedindo agilidade aos interessados.
Um participante fala que o que estou fazendo é errado, que estou armando as pessoas (...). Um cara desses não sabe o que é ser vítima de um assalto. Como vamos defender nossa família? Como vamos defender nosso patrimônio?"
O UOL Notícias entrou em contato com o homem que tenta vender as armas pelo WhatsApp, mas ele disse que não queria se posicionar e, em seguida, bloqueou o celular da reportagem.
Entidade denunciou golpe. Em novembro deste ano, a Associação CAC Brasil registrou um boletim de ocorrência em São Paulo pelo crime de estelionato ao ter conhecimento da criação de um grupo no WhatsApp que usava irregularmente o nome da instituição para o comércio ilegal de armas. A Polícia Civil investiga.
Muitas pessoas estão se aproveitando do novo governo para aplicar esse tipo de golpe, oferecendo armas a preços bem abaixo do valor do mercado"
Marcelo Midaglia Resende, presidente da Associação CAC Brasil
O grupo de transição do governo de Lula estuda tirar do Exército e manter só com a PF a autorização de registro de CACs. Flávio Dino, futuro ministro da Justiça, disse que não vai fechar clubes de tiro.
Para vender armas de fogo, é preciso obter autorização da PF ou do Exército. Em nota, o Exército diz que não há previsão legal para a atuação de despachantes nesse tipo de segmento.
O comércio ilegal de armas está previsto no artigo 17 do Estatuto do Desarmamento, que prevê pena de seis a 12 anos de prisão e pagamento de multa.
A escolha do WhatsApp como meio para fazer esse tipo de comércio ilegal é óbvia, já que o aplicativo tem criptografia de ponta a ponta. As conversas só podem ser interceptadas com a identificação dos envolvidos e a apresentação de celulares"
Yuri Sahione, advogado criminalista
Muitos atiradores pró-armamentistas ligados à ideologia do governo Bolsonaro acreditam que as regras ficarão mais restritas no novo governo. Os vendedores aproveitam esse momento para vender mais armas. Se não tiverem regulamentação, isso é crime"
Luciano Santoro, advogado criminalista
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