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Despachante faz 'feira livre' de armas no WhatsApp antes da posse de Lula

Arma que estaria à venda em grupo de Whatsapp - Reprodução
Arma que estaria à venda em grupo de Whatsapp Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

21/12/2022 04h00

Identificado como "Despachante Bélico", o homem vende armas e oferece serviços para facilitar registro de atirador.

Como ele age

  • No grupo de WhatsApp, diz que ficará "impossível ao cidadão de bem exercer seu direito de defesa" após a posse de Lula.
  • Ele fala que o petista irá alterar a regulamentação de CACs (categoria que reúne colecionadores, atiradores e caçadores).
  • Em seguida, encaminha dados com informações sobre as armas supostamente à venda com fotos, vídeos e valores, pedindo agilidade aos interessados.
Homem oferece registro de atirador e armas em grupo de WhatsApp - Reprodução - Reprodução
Homem oferece registro de atirador e armas em grupo de WhatsApp
Imagem: Reprodução

Um participante fala que o que estou fazendo é errado, que estou armando as pessoas (...). Um cara desses não sabe o que é ser vítima de um assalto. Como vamos defender nossa família? Como vamos defender nosso patrimônio?"

O UOL Notícias entrou em contato com o homem que tenta vender as armas pelo WhatsApp, mas ele disse que não queria se posicionar e, em seguida, bloqueou o celular da reportagem.

Entidade denunciou golpe. Em novembro deste ano, a Associação CAC Brasil registrou um boletim de ocorrência em São Paulo pelo crime de estelionato ao ter conhecimento da criação de um grupo no WhatsApp que usava irregularmente o nome da instituição para o comércio ilegal de armas. A Polícia Civil investiga.

Muitas pessoas estão se aproveitando do novo governo para aplicar esse tipo de golpe, oferecendo armas a preços bem abaixo do valor do mercado"
Marcelo Midaglia Resende, presidente da Associação CAC Brasil

O grupo de transição do governo de Lula estuda tirar do Exército e manter só com a PF a autorização de registro de CACs. Flávio Dino, futuro ministro da Justiça, disse que não vai fechar clubes de tiro.

Para vender armas de fogo, é preciso obter autorização da PF ou do Exército. Em nota, o Exército diz que não há previsão legal para a atuação de despachantes nesse tipo de segmento.

O comércio ilegal de armas está previsto no artigo 17 do Estatuto do Desarmamento, que prevê pena de seis a 12 anos de prisão e pagamento de multa.

A escolha do WhatsApp como meio para fazer esse tipo de comércio ilegal é óbvia, já que o aplicativo tem criptografia de ponta a ponta. As conversas só podem ser interceptadas com a identificação dos envolvidos e a apresentação de celulares"
Yuri Sahione, advogado criminalista

Muitos atiradores pró-armamentistas ligados à ideologia do governo Bolsonaro acreditam que as regras ficarão mais restritas no novo governo. Os vendedores aproveitam esse momento para vender mais armas. Se não tiverem regulamentação, isso é crime"
Luciano Santoro, advogado criminalista