Homem com tatuagens nazistas tem passagens por agressão e cárcere privado
A primeira anotação criminal de Roberto Alexandre Carneiro Campos Francesconi, 61, é de 2003 — ameaça e lesão corporal leve. De lá para cá, já foi fichado pelo crime de cárcere privado e injúria. Alguns se repetem e todos foram no âmbito da lei Maria da Penha.
Todas as investigações correram em sigilo, mas algumas nem sequer chegaram à Justiça. Houve também pedido de medida protetiva. Não há detalhes sobre as acusações e todas as investigações foram arquivadas ou extintas nos últimos anos.
No último sábado (28), Carneiro foi levado à Delegacia do Catete (9ª DP), no Rio, para explicar suas tatuagens nazistas — suástica, sol negro e 'white pride' (orgulho branco). Ele foi identificado pela Polícia Civil e liberado na sequência.
Vizinhos afirmaram ao UOL que ele é conhecido pelas frequentes idas da polícia ao seu apartamento. Nas redes sociais, ele afirma que trabalha principalmente com segurança (comercial ou privada). O sobrenome italiano foi adotado após seu casamento mais recente.
Denúncias por golpes na web
Colecionadores de antiguidades o denunciam por um golpe no Facebook e Instagram. Ao UOL, dois deles explicaram que Carneiro anuncia um objeto ou móvel antigo com valor promocional, com a desculpa que está fechando uma loja.
Os clientes afirmam que são bloqueados por Carneiro em todas redes sociais após transferirem o sinal —entre R$ 500 e R$ 1.000— via pix.
O produto nunca chega e eles também não conseguem reaver o valor.
Comprovantes de pagamento enviados à reportagem mostram que a conta destino dos pagamentos é associada ao CPF de Carneiro. Um dos clientes registrou ocorrência na Polícia Civil do Rio de Janeiro, após ser vítima no último dia 26.
Recebeu auxílios emergencial e Brasil
De junho de 2020 a outubro de 2021, Carneiro recebeu 16 parcelas do auxílio emergencial que totalizam R$ 4.500. Nos 13 meses seguintes, recebeu 13 parcelas do Auxílio Brasil, que somam outros R$ 3.666.
Carneiro também teve R$ 1.432 disponibilizado pelo Bolsa Família entre março e outubro de 2021, mas não houve saque, de acordo com o Governo Federal.
Após a denúncia de apologia ao nazismo, ele deletou suas redes sociais e manteve somente sua conta no Linkedin.
A reportagem tentou contato com Carneiro e sua esposa por telefone e mensagens durante um dia inteiro, mas não obteve resposta. O espaço continua aberto.
O que aconteceu?
Leonardo Guimarães, o pesquisador que tentou denunciá-lo por apologia ao nazismo na delegacia, afirma que Carneiro estava "debochado e tranquilo, como se nada tivesse acontecendo".
Guimarães afirma que foi xingado de "comunistinha" e ouviu ofensas contra o STF na delegacia.
Em nota, a Polícia Civil informou que "o homem com a tatuagem no corpo alegou que 'a suástica é um símbolo milenar e existe antes do nazismo'" e negou que o inspetor que registrou o caso emitiu opinião.
Apologia ao nazismo é crime pela lei brasileira. A discussão a respeito de tatuagens com símbolos associados ao nazismo, porém, é complexa. A tatuagem pode ser enquadrada na lei, mas os casos são avaliados isoladamente.
Ontem, Carneiro desfilava novamente pelas ruas do bairro com suas tatuagens nazistas. Após a primeira tentativa frustrada, Guimarães registrou o caso como "preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional" na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.
Advogados da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que orientam o pesquisador, explicam que o crime é recorrente: a cada vez que Carneiro exibe suas tatuagens, ele comete o crime de apologia ao nazismo. Eles também vão à Corregedoria da Polícia Civil denunciar a atitude do inspetor.
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