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Nova rede social abriga perfis que defendem violência nas escolas

Polícia Federal já foi informada sobre a existência dessa nova rede social - Christin Hume/ Unsplash
Polícia Federal já foi informada sobre a existência dessa nova rede social Imagem: Christin Hume/ Unsplash

Do UOL, em São Paulo

25/04/2023 04h00Atualizada em 25/04/2023 11h31

Após o governo federal fechar o cerco nas redes sociais tradicionais, perfis que fazem apologia da violência estão se reunindo em uma nova plataforma.

O que aconteceu

Os perfis nessa nova rede social reproduzem ameaças de ataques em escolas e outros tipos de violência. O nome da plataforma não será identificado pela reportagem para não dar publicidade.

A rede foi lançada no mesmo dia em que o Ministério da Justiça publicou uma portaria que obriga redes sociais a retirar conteúdos que fazem apologia da violência.

Contrariando as autoridades, a plataforma informa que não permitirá o bloqueio "de perfis por mandado judicial". A rede social argumenta que a "liberdade de expressão é um pilar fundamental" —o que é um erro, pois a liberdade de expressão, como qualquer direito, não é absoluta e não pode violar outros direitos.

A Polícia Federal já foi informada sobre a existência dessa nova rede.

A denúncia foi feita pelas pesquisadoras Letícia Oliveira e Tatiana Azevedo, que produziram um relatório sobre a plataforma. O material foi enviado à corporação. Letícia é coautora também de um estudo entregue em dezembro para equipe de transição do governo sobre a ligação da extrema direita com os ataques em escolas.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública disse que "para um melhor resultado das investigações" não pode passar mais detalhes do trabalho de monitoramento.

O que mostra o relatório sobre essa plataforma

Há fotos de perfis dentro dessa nova plataforma com a máscara de caveira. É um símbolo de extrema direita que já foi usado em ataques a escolas.

Publicações abriram vaquinhas para arrecadar dinheiro para financiar supostos ataques a escolas.

São jovens que se conhecem há bastante tempo, e só a suspensão [das contas em outras redes sociais] não seria suficiente para que essa comunidade se dissolvesse."
Tatiana Azevedo, analista de monitoramento de grupos neonazistas e neofascistas

Eles estarem dentro de uma rede que já diz para [o internauta] usar VPN -- o que atrapalha o serviço da Polícia Federal de encontrar os responsáveis -- e o dono dessa rede dizer que não irá entregar as identidades, mostra uma série de perigos dessa plataforma."
Tatiana Azevedo

Rede social aparece nas pesquisas do Google

A nova plataforma também é encontrada facilmente nas pesquisas do Google. O site Núcleo Jornalismo revelou a informação, confirmada também pelo UOL.

O Google informou que, apesar de a página aparecer na busca, não significa que ela esteja classificada com destaque. "Trabalhamos muito para impedir que o conteúdo de baixa qualidade seja distribuído por meio da busca", disse o Google.

Embora estejamos comprometidos em fornecer acesso aberto à informação, também temos a preocupação em proteger nossos usuários. Além disso, quando recebemos solicitações legais válidas, nos termos da legislação aplicável, agimos de acordo para remover o conteúdo."
Google

Como denunciar

Qualquer cidadão pode registrar uma denúncia no canal criado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. As informações são mantidas sob sigilo.

Para denunciar, é precisa preencher um dos dois campos: "Página da Internet" ou "Comentário". Em seguida, é só clicar em "Denunciar".

O interessado em fazer a denúncia deverá inserir o maior número de informações possíveis para que o registro possa ser analisado corretamente.