Topo

Agrotóxicos: quais são liberados no Brasil? Quais são os mais utilizados?

Avião lança agrotóxicos em plantação - Getty Images
Avião lança agrotóxicos em plantação Imagem: Getty Images

Colaboração para o UOL

02/05/2023 10h22Atualizada em 02/05/2023 12h10

O Brasil tem 3.162 agrotóxicos registrados para uso, segundo dados do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) consultados pelo UOL em maio de 2023. Os produtos são utilizados em diversos tipos de culturas, além de pastagens.

A lista com todos os nomes dos produtos com registro ativo no país pode ser acessada na página do Agrofit (Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários), no campo "produtos formulados". Basta fazer uma consulta sem adicionar filtros para ver a relação de substâncias.

Em agosto do ano passado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) baniu o agrotóxico cancerígeno carbendazim, mas estabeleceu que a descontinuação de produtos com a substância seria gradual, pelo período de 12 meses. O carbendazim é utilizado para matar fungos em culturas como soja, milho, laranja e maçã.

O que são agrotóxicos?

A Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, que trata de questões como venda, uso e registro de agrotóxicos no país, define essas substâncias como

Os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos.

Quais são os tipos de agrotóxicos?

De acordo com o professor Ricardo Carmona, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (UnB), os agrotóxicos podem ser divididos em inseticidas, fungicidas, herbicidas e reguladores de crescimento.

"Nem todos eles são produtos químicos. Alguns envolvem a liberação de agentes biológicos no ambiente para controlar a praga-alvo e explorar os efeitos benéficos daquele organismo para combater outros. A classe biológica é inofensiva, mas também é considerada agrotóxico", diz.

Segundo Carmona, quando se fala em agrotóxicos existe uma diversidade de produtos, com e sem toxicidade. O professor afirma, ainda, que a maioria dos novos agrotóxicos que é registrada no país é feita de ingredientes que já estão no mercado, com mudanças na marca, em algum componente e no estado sólido ou líquido, por exemplo.

Quais os agrotóxicos são mais usados no país e onde são aplicados?

De acordo com o estudo "Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia", lançado pelo Laboratório de Geografia Agrária da USP (Universidade de São Paulo) em 2017, o glifosato é o agrotóxico mais vendido no país. O relatório, assinado pela professora Larissa Bombardi, foi feito com base em dados do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Segundo Ricardo Carmona, o glifosato é um herbicida e, por isso, usado para controlar plantas daninhas. "Ele é usado para dessecação em área total, no pré-plantio, seja de soja, milho, arroz. É uma técnica do plantio direto. Esse herbicida também é usado durante o desenvolvimento de culturas transgênicas que são tolerantes a ele", afirma.

Depois, ainda conforme o estudo, o agrotóxico 2,4-D é o segundo mais vendido no Brasil. "O 2,4-D é um hormônio vegetal, um herbicida seletivo. Ele controla espécies de folha larga. É muito aplicado em pastagens. É o herbicida mais antigo no mercado, lançado na década de 40", diz o professor.

"Ele tem volatilidade grande e, se for aplicado em lavoura sem as condições adequadas, atinge a área do vizinho. Depende da velocidade do vento, da temperatura, do tipo de equipamento usado para pulverização", afirma.

De acordo com Carmona, entre os cuidados que devem ser adotados para o uso mais seguro dos agrotóxicos estão o descarte correto, a atenção com a lavagem dos tanques e pulverizadores e a proteção da pessoa que aplica o produto.

Como o uso de agrotóxicos é liberado no país?

O registro de um agrotóxico no país depende da avaliação de três órgãos do governo federal: o Mapa, o Ibama e a Anvisa.

Cada um desses órgãos é responsável por um tipo de análise do produto e essa avaliação é feita de forma independente, de acordo com informações disponíveis no site de Acesso à Informação da Anvisa. O Ibama faz um dossiê ambiental, que avalia o potencial poluidor do agrotóxico.

Ao ministério cabe a responsabilidade de averiguar a eficiência e o potencial de uso na agricultura, por meio de um parecer agronômico. Já a Anvisa analisa o viés toxicológico, para identificar o quão tóxico é o produto para a população e em quais condições a utilização é segura.

O Mapa também é o órgão responsável por fornecer o registro de agrotóxicos no país.