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Delegado da PF diz a TV que não agrediu nem ofendeu professor do filho

O delegado federal Mário Leal Júnior em entrevista à TV - Reprodução/ TV RPC
O delegado federal Mário Leal Júnior em entrevista à TV Imagem: Reprodução/ TV RPC

Do UOL, em São Paulo

09/07/2023 12h24

O delegado federal Mário Leal Júnior, investigado por agredir um professor do filho em um colégio em Guaíra, interior do Paraná, disse em entrevista a uma TV local que não ofendeu nem agrediu o professor.

O que ele disse

O delegado diz que não fez ofensas verbais ou proferiu xingamentos contra o professor. Também disse que não houve agressão física. Ele diz que tem imagens que provam a sua versão dos fatos e que vai apresentar essas imagens à polícia. "Em nenhum momento eu faço qualquer ofensa verbal, não há nenhum xingamento, não há nenhuma agressão ao professor, diferente do que ele declarou no depoimento dele", disse. As declarações foram dadas à TV RPC Cascavel.

Ele afirma que, no dia do episódio, seu filho adolescente chegou chorando em casa depois da aula, dizendo que um professor o havia ofendido. Diz que então foi até a escola e questionou o professor sobre as ofensas.

Ele disse que não apontou a arma para o professor, e que teve contato físico com o professor unicamente para que ele não fugisse do local. "O contato físico que eu tive com esse professor foi única e exclusivamente no sentido de contê-lo, porque a todo momento ele demonstrava que ia se evadir do local."

Ele diz ainda que sua intenção era levar o professor para a delegacia, e que acredita que a melhor solução seria prender o professor em flagrante, mas que não pôde fazer isso pois estava sozinho e sem equipamentos. "Não tinha como efeturar a prisão, que seria talvez a melhor solução ali: prender o professor em flagrante porque ele tinha cometido um crime", disse.

Entenda o caso

Mário César foi denunciado por supostamente tentar sufocar, dar voz de prisão e apontar uma arma para o rosto do professor Gabriel Barbosa Rossi Silva, que leciona no Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo.

Segundo o relato do docente, o delegado o procurou na última sexta-feira (30), na porta da escola, após o filho ter recebido uma advertência por uma brincadeira sobre o professor ter calvície. Esse alerta sobre o comportamento do estudante foi dado em uma conversa privada, conforme disse Silva ao UOL. Ao falar com o jovem, porém, ele diz que também aproveitou a oportunidade para chamar a atenção do estudante para outras situações em que ele teria tido falas preconceituosas, inclusive contra outros professores. "Foram comportamentos que considerei machistas, racistas, nazistas e gordofóbicos, mas eu sei que ele não é nazista. Eu, como professor de história, avaliei que pudesse ter autonomia para fazer isso", disse.

Após o ocorrido, o professor diz que Mário César foi até a escola para tirar satisfação no final do expediente, tentou sufocá-lo, deu voz de prisão e apontou uma arma para rosto dele. "A equipe pedagógica da escola até tentou conversar com ele, mas se afastaram quando viram que ele estava armado. Ele só me soltou quando outros pais de estudantes falaram com ele", contou Silva.

Na versão do delegado, Silva cometeu injúria contra o filho dele. Em boletim de ocorrência registrado na 13ª Delegacia Regional de Guaíra, ao qual o UOL teve acesso, Mário César afirmou que o professor teria dito que o filho dele é "uma das pessoas mais desprezíveis que já conheceu" e que "comemoraria o dia em que o estudante saísse da escola". De acordo com o registro feito pelo delegado, Silva também teria acusado o garoto de ser "nazista, racista, xenofóbico e gordofóbico".

Procurada pelo UOL, a Polícia Civil disse que recebeu o registro da ocorrência e realiza oitivas para apurar as circunstâncias do episódio. No Twitter, o ministro Flávio Dino (Justiça) também afirmou que a PF faz diligências sobre o caso. O UOL entrou em contato com o delegado, que disse que só iria se manifestar "em breve". "Creio que a verdade vai surgir em meio à cortina da fumaça que criaram", escreveu Mário César por mensagem.