'Foram 40 min olhando o precipício', diz passageira de trem que parou no PR
Do UOL em São Paulo e Colaboração para o UOL, em Curitiba
14/07/2023 14h47Atualizada em 14/07/2023 18h49
Os 943 passageiros que por 10 horas ficaram presos em um trem de viagens na Serra do Mar, no Paraná, ficaram pelo menos 40 minutos encarando um precipício, contou ao UOL a professora Thainá Lima.
O que aconteceu
Ciclone que atingiu o Sul derrubou uma árvore sobre os trilhos. O incidente na Serra do Mar atrasou em mais de 12 horas o percurso que seria de quatro horas entre Curitiba e Morretes, no litoral paranaense.
Diversas paradas curtas no trajeto. A professora conta que, antes do meio-dia, o trem começou a realizar paradas de um minuto até que uma parada longa durou quase duas horas.
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A segunda parada foi a mais assustadora. Os passageiros ficaram por 40 minutos com vista para um precipício do lado esquerdo do trem. Foi quando conseguiram acesso à internet e puderam pedir ajuda e informar os familiares sobre o incidente.
Nessa segunda parada ficamos praticamente com vista para um precipício. Quando você olha para fora do trem, não tinha segurança nenhuma do lado esquerdo.
Thainá Lima, passageira
Algumas pessoas saíram dos vagões durante as paradas por medo e crises de ansiedade. Eles deixavam os vagões quando o trem parava longe das encostas. Quando a noite caiu, o trem parou por cerca de cinco horas, e ninguém mais saiu.
Medo de cobras
Em nenhum momento podíamos sair do trem porque tem animais perigosos do lado de fora. Seria uma área com muitas cobras, principalmente jararacas. Tudo no nosso entorno era de mata.
Thainá Lima, passageira
Era impossível ir para Morretes a pé, pelos trilhos. A 15 quilômetros de distância do destino, a decisão foi aguardar a liberação dos trilhos. "Depois que seguimos viagem, passamos por diversas pontes. Era um trajeto realmente perigoso, mesmo se fosse de dia, e chegamos depois das 21h", diz a professora.
Área de difícil acesso para manutenção
A queda de uma árvore "de maior porte" foi registrada por volta das 12h. "Os trabalhos de poda e limpeza foram acionados tão logo constatado o fato. No entanto, a área era de difícil acesso para as equipes de manutenção", diz a Rumo Logística em nota. "A empresa lamenta os eventuais transtornos, mas ressalta que atuou da forma mais célere possível."
Água e comida aos passageiros. Dona do trem, a Serra Verde Express disse que enviou um vagão com suprimentos.
Ciclone não era problema? A Rumo disse que "não havia nenhuma restrição" à partida do trem, às 8h30, nem "registro de árvores caídas sobre os trilhos entre Curitiba e Morretes".
As condições de visibilidade e segurança estavam dentro de todos os parâmetros habituais, inclusive com trens de carga que também circulavam pelo trecho.
Rumo Logística
A volta para casa. A empresa turística afirma que disponibilizou três ambulâncias na chegada dos passageiros, ofereceu jantar nos restaurantes da cidade e hospedagem para "alguns casos". Diz que disponibilizou ônibus e vans, junto com a prefeitura, para que os passageiros voltassem para Curitiba — um trajeto de uma hora e meia.
Viagens canceladas
A Serra Verde Express cancelou a viagem de hoje. Uma perícia é feita no trajeto para analisar as condições dos trilhos antes da liberação do passeio.
A empresa está remarcando as viagens ou oferecendo reembolso. Mesmo sem previsão para a retomada das viagens, as vendas de passagens continuam sob aviso de que a data poderá ser alterada conforme a situação da via.