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O que é o 'redemoinho' no mar que teria causado morte de irmãos em Maragogi

Gustavo e Gabriel moravam em São Paulo com os pais e chegaram com a família em Alagoas no domingo (16), um dia antes do afogamento Imagem: Reprodução de redes sociais

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

20/07/2023 15h15Atualizada em 20/07/2023 20h17

A morte por afogamento dos irmãos Gustavo Bernardo Leal, de 16 anos, e Gabriel Bernardo Leal, 11, na praia de Peroba, em Maragogi (AL), na segunda-feira (17), acende um alerta para os perigos envolvendo o mar.

A tia da criança e do adolescente, Thiene Tenório, afirma que os sobrinhos foram arrastados por uma espécie de redemoinho, pouco após entrarem no mar para retornarem à faixa de área da praia após irem até uma área de pedras.

"Nesse momento, ele [o pai] perdeu de vista os filhos para uma espécie de redemoinho, uma correnteza forte. Ele correu pelas pedras, mas não conseguiu mais", disse a mulher.

O afogamento aconteceu por volta das 10h, quando a maré estava baixa, em 0,3 metro e a água estava na altura da cintura das vítimas.

O professor Mauro Michelena Andrade, que atua no laboratório de Oceanografia na Universidade do Vale do Itajaí (SC), explica que essa espécie de redemoinho, com forte correnteza, que os familiares das vítimas relatam terem visto, na verdade, é um deslocamento da corrente da maré que gera uma turbulência na água.

"Normalmente essas áreas onde tem pedras, o fundo é bastante irregular, o que faz com que esse movimento da maré, com a água subindo e descendo, gere essa turbulência na água, em que ela se movimenta com força e sem um sentido único", explica Andrade.

Além disso, as ondas geram correntes de retorno que são mais intensas em locais próximos à faixa de área, onde elas se quebram.

Essas correntes de retorno normalmente se formam de forma transversal à praia, se assemelhando a uma espécie de corredor. Esses corredores surgem na parte mais rasa do mar e seguem em direção às regiões mais profundas.

Como ela é resultado da convergência de duas ondas, o volume de água e a energia presente nela são maiores, fazendo com que a energia da onda retorne após a arrebentação ao invés de se dissipar. Essa força é tão intensa que a água é capaz de arrastar uma pessoa.

"É preciso ficar atento ao mar e ao seu movimento para prevenir afogamentos. As correntes de retorno são muito comuns, a maioria das praias brasileiras possuem", acrescenta o professor.

No local onde há a corrente de retorno o mar fica com características diferentes das demais áreas, o que ajuda a identificá-la. Veja quais são essas características:

  • Sem ondas: como a corrente de retorno acontece quando a água está voltando para a parte mais profunda do mar, a região em que ela acontece não tem arrebentação de ondas.
  • Cor da água: onde há corrente de retorno a água fica em cor mais turva devido aos sedimentos que estão sendo remexidos e levados pela força da água. Essa faixa escura surge na parte mais rasa do mar e segue em direção à área mais profunda do mar.
  • Areia ondulada: a faixa de areia perto do mar fica com ondulações devido à corrente de retorno.

Normalmente as áreas onde há corrente de retorno são sinalizadas pelos salva-vidas com bandeiras vermelhas, indicando o perigo de se nadar naquele local.

Redemoinhos podem atingir também os rios

Os redemoinhos podem acontecer também em rios, mas em circunstâncias diferentes das que ocorrem no mar, já que esses locais não sofrem interferência da maré.

Em rios eles surgem, principalmente, em locais onde há irregularidade no fundo do rio, fazendo que quando a correnteza desce para o fundo, acaba batendo nessa resistência (rochas, areia ou detritos) e, desse atrito, se forma uma espécie de movimento circular que volta atingindo a superfície. Normalmente, ele também vem acompanhado de fortes ventos.

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