Laudo aponta acidente em incêndio que matou fisiculturista; viúva reage
Daniele Dutra
Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro
09/08/2023 16h20
O laudo feito no apartamento incendiado onde o fisiculturista Hugo Sérgio Pereira, 30, morreu na madrugada do dia 29 de julho, no Rio, aponta que a causa do incêndio foi um acidente termoelétrico.
O documento ainda diz que não foi identificado nenhum tipo de substância que pudesse acelerar a queima no local, segundo o Instituto de Criminalística Carlos Éboli.
De acordo com a Polícia Civil, as investigações continuam, após vizinhos terem relatado uma suposta briga no apartamento. A viúva de Hugo comemorou o anúncio (leia abaixo).
Novas evidências
No documento obtido pelo UOL, o perito afirma que é possível afirmar que a eclosão do foco do incêndio se originou através de uma instalação elétrica com cabeamento de extensão para múltiplas tomadas, ligadas na sala, próximo ao móvel que fica junto ao aparelho televisor.
"Não se identificou embalagem com líquidos aceleradores de queima no interior do imóvel. Não foi identificado vestígio de substância aceleradora de queima impregnada ou com odor no local. Não foram identificados sinais de desalinhamentos em mobília e objetos desordenados ou danificados que evidenciam emprego de ação violenta", diz outro trecho do documento.
Hugo foi encontrado caído no chão, com ferimentos no antebraço direito, perna esquerda, área abdominal e pés, causados por queimaduras seguidas de abrasão (toques/contatos) em corpos rígidos como peitoril e esquadria de alumínio, localizado no quarto do casal.
A Polícia Civil aguarda o resultado de outros laudos e o caso continua sendo investigado. A expectativa é que Larissa Mello, viúva de Hugo, que também estava no incêndio, seja ouvida amanhã. A filha do casal, de 6 anos, está com 30% do corpo queimado e segue internada em estado grave. A mãe não teve ferimentos.
"O caso está sendo trabalhado com toda cautela para que se possa dar uma resposta eficaz. Estamos aguardando os laudos técnicos e o depoimento das testemunhas. Nenhuma possibilidade foi descartada e todos os vídeos estão sendo analisados", disse o delegado Leandro Gontijo, titular da 32ª DP, responsável pela investigação.
Imagens do incêndio e suposta briga
Imagens do dia do incêndio mostram Larissa correndo sozinha pelo corredor do prédio, minutos antes de surgir uma fumaça preta saindo do apartamento.
Vizinhos ajudaram a retirar a criança e o cachorro do local, mas não conseguiram localizar Hugo no meio do fogo.
Em outro vídeo. feito de um apartamento em frente, o fisiculturista é visto desesperado na varanda, pedindo ajuda. Em certo momento, ele cogita pular da varanda que fica no 10º andar.
Ao menos dois vizinhos relataram à Polícia que ouviram o casal brigando minutos antes do incêndio.
Ouvido pelo UOL, uma das testemunhas afirmou que escutou "barulhos de móveis, como se tivesse um quebra-quebra. Quando eu ouvi o choro da criança, cheguei a pensar a ligar para as autoridades, mas aí eu cheguei na varanda e vi toda aquela fumaça. Quando eu desci, olhei para cima e vi aquela mancha de sangue, foi terrível". O laudo aponta que os móveis do apartamento não estavam revirados.
'Justiça pelo meu marido'
Nas redes sociais, Larissa agradeceu às mensagens de carinho e o apoio de amigos.
" Estou em um momento muito difícil, no qual eu tinha um parceiro junto para segurar qualquer barra que fosse. Hoje não tenho mais em carne, mas em espírito, sem dúvidas. Estou focada demais na Maya e vivendo meu luto", disse.
Em outra publicação, ela compartilhou as novidades sobre o laudo e disse: "Toma aí seus vermes. Justiça pelo meu marido"
O que aconteceu
As chamas atingiram o apartamento onde a família morava, que fica no 10º andar de uma das torres do Condomínio Caminhos da Barra.
O Corpo de Bombeiros do quartel da Barra da Tijuca foi acionado por volta das 4h51.
Imagens de sangue foram vistas na fachada do prédio após o incêndio
Hugo morreu no local, dentro do quarto do casal. Imagens de sangue foram vistas na fachada do prédio