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Rio tem um agente de segurança baleado a cada dois dias, diz Fogo Cruzado

Operação da Polícia Militar contra facção em Manguinhos Imagem: José Lucena/TheNews2/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

14/08/2023 17h41Atualizada em 14/08/2023 18h11

Neste ano, cem agentes de segurança foram baleados na região metropolitana do Rio de Janeiro — a maioria estava fora de serviço quando foi ferida. Os dados são de um levantamento feito pelo Instituto Fogo Cruzado, divulgado nesta segunda-feira (14).

O que aconteceu

O último caso de agente de segurança baleado ocorreu em 9 de agosto. Nesse dia, um PM de folga foi baleado durante tentativa de assalto na avenida Brasil, na zona norte da cidade. Com ele, são 44 agentes mortos e 56 feridos ao longo do ano.

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Em média, é como se um agente fosse baleado a cada dois dias na região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 2022, este número foi alcançado no dia 7 de setembro.

Os policiais militares foram os mais atingidos, representando 77% dos agentes baleados no período. Segundo o estudo, 33 deles morreram e 44 ficaram feridos.

Entre os baleados, estavam policiais civis (1 morto e 6 feridos), oficiais do exército (4 mortos e 1 ferido), policiais penais (2 mortos e 3 feridos), bombeiros (2 mortos), guardas municipais (1 morto e 1 ferido), oficiais da Aeronáutica (1 morto); e policial rodoviário federal (1 ferido).

A maioria dos agentes baleados neste ano foi atingida fora do horário de serviço. Eram agentes de segurança que estavam de folga (24 mortos e 21 feridos) ou que já haviam sido aposentados ou exonerados do cargo (10 mortos e 2 feridos). Outros 3 mortos e 2 feridos não tiveram o status de serviço revelado.

O que diz o Fogo Cruzado

"Quando o Estado prioriza o confronto ao invés da inteligência, infelizmente o que vemos como resultado é o elevado número de seus servidores vítimas da violência. É fundamental que políticas de preservação da vida dos agentes de segurança sejam colocadas em prática."

"O Estado não produz estatísticas sobre o número de agentes vítimas da violência quando estão fora do horário de trabalho e esses dados são fundamentais para entender o contexto da violência que atinge esses agentes de segurança quando estão fora das corporações. Como o Estado vai responder o motivo de tantos agentes serem baleados fora de serviço, e tentar solucionar esse problema, se não produz esse tipo de dado?"
Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro

Crianças e adolescentes baleados no Rio

O estudo "Futuro exterminado", da instituição Fogo Cruzado, mostra que 267 crianças e adolescentes foram mortos e 334 ficaram feridos. Os dados foram registrados entre 5 de julho de 2016 e 8 de julho de 2023. O levantamento leva em consideração as faixas etária de 0 a 11 anos para crianças e de 12 a 17 para adolescentes, seguindo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

"Os dados precisam ser levados em conta para o planejamento da segurança pública", afirma Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado. "Não podemos deixar essas histórias se perderem. Nosso esforço é também de memória, porque sem ela a sociedade não se mobiliza."

A história do Rio de Janeiro é marcada por crianças e adolescentes mortos e feridos. A gente sabe que não são casos isolados. Ágatha Félix, Maria Eduarda, João Pedro, Kauã, Alice, Emilly e Rebecca. Todo mundo lembra de um destes nomes.
Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado

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