Por que 1/3 dos brasileiros diz levar mais tempo no trânsito após pandemia
Cerca de um terço dos brasileiros que vivem nas grandes cidades diz que o tempo de deslocamento para o trabalho ou o estudo aumentou após a pandemia — e 36% afirmam que passam mais de uma hora por dia no trânsito. Os dados integram uma pesquisa sobre mobilidade urbana feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O que diz o levantamento
Entre os que passam mais tempo se deslocando para atividades de rotina, 8% gastam mais de três horas por dia — 7% ficam entre duas e três horas por dia no trânsito e 21%, entre uma e duas horas.
Relacionadas
Redução das linhas de ônibus, alta de fluxo de veículos e mudança de rotina pós-pandemia são principais fatores apontados pelos entrevistados para o aumento no tempo de deslocamento.
Mais da metade (55%) dizem ter qualidade de vida afetada em razão do tempo gasto no transporte — e 51% afirmam que o tempo perdido na locomoção impacta na produtividade. A margem de erro da pesquisa, realizada em parceria com Instituto Pesquisa de Reputação e Imagem, é de dois pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
Nove entre 10 entrevistados moram na mesma cidade em que trabalham. Foram ouvidas 2.019 pessoas (com mais de 16 anos), entre os dias 1º e 5 de abril em cidades com mais de 250 mil habitantes em todos os estados e no Distrito Federal.
O diagnóstico é que o Brasil tem um déficit de infraestrutura grande e precisa de um marco regulatório para atualização de diretrizes e métricas do transporte, bem como revisão da política tarifária.
Ramon Cunha, especialista em infraestrutura da CNI
Qualidade de vida afetada
Nas grandes cidades, 60% das pessoas afirmam que já chegaram estressadas ao local de trabalho ou estudo devido ao tempo gasto deslocamento. Também 60% dizem já chegaram atrasadas em razão ao trânsito — 23% relatam que já perderam um dia de trabalho por ter ficado muito tempo no trânsito.
A pesquisa mostra ainda que 32% dos trabalhadores deixaram de aceitar oferta de emprego em razão de problemas de transporte/locomoção. Outros 10%, de acordo com o levantamento, resolveram trocar de emprego por causa do trânsito e 2% já recusaram uma proposta de emprego bem como mudaram de posto de trabalho por conta das condições de deslocamento.
Os dados revelam também que 37% cogitariam mudar de trabalho, com a mesma remuneração, apenas para reduzir o tempo gasto no transporte.
No Rio, fim de linhas e aumento de problemas
Com mais de 6.2 milhões de habitantes, a cidade do Rio de Janeiro enfrentou, com a pandemia, corte nas linhas de ônibus — ou alteração na periodicidade.
A Prefeitura do Rio e empresas da cidade entraram em um acordo judicial para retomada gradual da operação de mais de 50 linhas que estavam fora de circulação.