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RJ: Adolescente diz ter sido estuprada por homens e que teve abuso gravado

O caso foi registrado na 58ª Delegacia de Polícia (Posse), em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Google Maps

Do UOL, em São Paulo

06/11/2023 23h01Atualizada em 06/11/2023 23h03

Uma adolescente de 15 anos disse ter sido estuprada por dois homens em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (3). Segundo ela, o abuso foi gravado e divulgado nas redes sociais pelos agressores.

O que aconteceu:

O crime teria ocorrido na madrugada de quinta para sexta-feira (3), na casa de uma amiga. Segundo a vítima, em relato ao RJTV (TV Globo), ela dormia no local e foi acordada por algumas pessoas que chegaram na residência, que insistiram para que ela consumisse bebida alcoólica. A adolescente ainda diz que teria recusado a ficar com um dos rapazes.

A jovem acredita que alguma droga foi colocada na bebida dela, já que não se recorda de mais nada. Ela diz que só soube do abuso após o compartilhamento dos vídeos. Os homens que a teriam estuprado têm 20 e 21 anos, de acordo com a vítima.

O estupro da adolescente foi gravado por pessoas que estavam na residência e teria sido divulgado nas redes sociais pelos rapazes apontados como envolvidos no crime.

As imagens, segundo apurou o UOL, mostram a jovem desacordada em cima de uma cama enquanto é violentada. Os registros, compartilhados sem consentimento da vítima, também mostram a adolescente recebendo tapas no rosto e outras pessoas, além dos dois homens, vendo os abusos contra a jovem.

Um exame de corpo de delito realizado pela jovem constatou o estupro.

A adolescente, acompanhada de familiares, tentou registrar a ocorrência no 58º DP (Posse), em Nova Iguaçu, no sábado (4), mas a delegacia estava cheia em razão da final da Libertadores. A vítima disse ter ficado horas aguardando atendimento e, depois, foi informada para voltar outro dia. O caso só foi registrado nesta segunda-feira (6).

Ataques nas redes sociais

Agora, a jovem ainda diz que está sendo vítima de ataques nas redes sociais. "Muita gente está falando que eu quero mídia, que eles não fizeram isso, nem aquilo. Gente, eu só quero a minha vida de volta", contou à TV Globo.

Até o momento, a Polícia Civil não divulgou a prisão de nenhum dos suspeitos de envolvimento no crime.

Eu não lembro de mais nada, não lembro o que aconteceu, não lembro de nada. Só lembro de ser acordada. Só que eles jogaram na mídia eu sendo estuprada, eles próprios me estuprando. Só quero a minha vida de volta. É muito ruim você sair na rua e você ser olhada.
Adolescente que diz ter sido estuprada

Polícia investiga agentes que atenderam a ocorrência

Hoje, a adolescente, sem estar acompanhada de nenhum responsável maior de idade ou advogado, foi levada por investigadores, em uma viatura, até a residência onde teria ocorrido o crime e em locais onde poderiam estar os suspeitos, segundo a TV Globo.

Questionada pelo UOL, a Polícia Civil disse que o pedido para voltar outro dia para fazer o registro da ocorrência "não é compatível com as orientações da corporação para o atendimento ao público, especialmente por se tratar de vítima menor de idade".

Um procedimento interno será instaurado na corporação para apurar a conduta dos agentes envolvidos na ocorrência. Os agentes serão investigados tanto por não atenderem a vítima na delegacia no primeiro momento, como pela condução da adolescente sozinha para os locais onde teriam ocorrido o crime e onde estariam os suspeitos.

A Polícia Civil informou ao UOL que o inquérito do caso será encaminhado à Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Nova Iguaçu para prosseguir com as investigações.

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.

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