Rede mantém franquia de pastelaria que teve racismo forjado em pedido no RS
DO UOL, em São Paulo
21/11/2023 17h46Atualizada em 21/11/2023 17h47
A dona da rede de restaurantes que teve uma das lojas envolvidas em um caso de falsa denúncia de racismo afirmou nas redes sociais que não irá retirar a franquia da proprietária da unidade na cidade de Campo Bom (RS).
O que aconteceu:
Em nota, a Hora do Pastel disse que a titular da loja "não tem responsabilidade sobre a falsa denunciação de crime por parte do seu ex-companheiro, que mentiu ao alegar que teria sido vítima de injúria racial".
Apesar da nota, na última semana, Daniela Oliveira e Gabriel Fernandes da Cunha se apresentavam como donos da pastelaria e um casal. Inclusive, Gabriel, indiciado por falsa comunicação de crime, também fazia entregas para a franquia. A Hora do Pastel, porém, não divulgou se o homem também constava como proprietário da unidade. Cabe ressaltar que a Polícia Civil não divulgou informações sobre qualquer envolvimento de Daniela na ação do então companheiro.
A dona da rede de franquias de pastel informou que analisou todos os fatos e decidiu tomar a decisão em consonância com a conclusão do inquérito policial. "Todos nos sentimos enganados, sensibilizados e entendemos que a pessoa responsável deve ser devidamente processada pela justiça e responsabilizada pelos seus atos".
A empresa ainda prestou solidariedade à franqueada, definindo-a como uma "figura exemplar, que sempre cumpriu com as suas obrigações e demonstra grande esforço cotidianamente, sendo uma pessoa íntegra de trabalhadora". A dona da rede ainda comentou entender que Daniela "foi tão vítima quanto todos nós".
A reportagem tenta contato com Daniela e Gabriel para pedido de posicionamento, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Afirmamos nosso forte compromisso de prestar a ela todo o apoio necessário para que possa seguir em frente e continuar realizando seu trabalho com dignidade, promovendo o seu crescimento como pessoa e como franqueada de nossa rede. Jamais compactuamos com qualquer ilegalidade, e da mesma forma não poderemos compactuar com qualquer injustiça contra essa batalhadora.
Hora do Pastel, em nota
Entenda o caso:
Gabriel Fernandes da Cunha, que dizia ser dono e entregador da pastelaria, criou uma conta falsa no aplicativo e realizou um pedido com insultos racistas na própria loja no último dia 14. O caso foi confirmado ao UOL pelo delegado Rodrigo Camara.
No campo de observações, Gabriel teria pedido "por gentileza" que fosse enviado um "motoboy branco" para levar o alimento. O homem chegou a registrar um boletim de ocorrência e divulgou prints nas redes sociais.
Antes do indiciamento, ao falar sobre a denúncia ao UOL, Daniela Oliveira, mulher de Gabriel, afirmou que o "ataque" foi dirigido ao seu marido.
O então dono do estabelecimento confessou à Polícia Civil, em novo depoimento, que foi o autor do pedido com a observação racista. Ele confessou após ser confrontado sobre os dados obtidos pela investigação da corporação e ainda disse que gostaria de se retratar. Não foi divulgado se ele foi detido.
Desta forma, a investigação foi concluída e a 'vítima' será indiciada pelo cometimento do delito de falsa comunicação de crime previsto no Código Penal, sendo que o inquérito policial será remetido ao Poder Judiciário.
Polícia Civil do RS, ao UOL