Maceió: Redução de velocidade não é certeza de estabilização, diz prefeito
Do UOL, em São Paulo
03/12/2023 12h16Atualizada em 03/12/2023 13h18
A redução da velocidade de afundamento do solo na região onde está a mina 18 da Braskem não significa estabilização da área, segundo o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL).
O que aconteceu
JHC afirmou que há o indicativo de diminuição da velocidade do afundamento — ela já chegou a 5 centímetros por hora e, hoje, está em 0,7 cm/h. De 28 de novembro até agora, o solo cedeu 1,69 metro.
Segundo o prefeito, seis dos 12 equipamentos que medem o afundamento do solo já acionaram o sinal de alerta. Hoje, um se mantém nesse indicador. As declarações de JHC foram dadas à CNN Brasil.
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A Defesa Civil de Maceió informou que a região continua em alerta máximo. A recomendação é que a população não transite nas áreas que foram desocupadas. Já as praias e serviços turísticos seguem "sem qualquer tipo de risco ambiental", segundo informou a prefeitura em nota.
A situação ainda é crítica, porque esse parâmetro [velocidade de afundamento] é muito alto. Quando estávamos apenas observando eram milímetros. [...] Isso [redução na velocidade] não é uma certeza da estabilização, mas pode ser um caminho para estabilização.
JHC, prefeito de Maceió, à CNN Brasil
Longe da normalidade
Mesmo com velocidade de afundamento reduzida, cenário preocupa. Segundo Abelardo Nobre, coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió, a velocidade de afundamento de 0,7 cm/h ainda é "muito elevada". "Para que a gente entre em normalidade, é necessário que fique em milímetros por ano", disse à GloboNews.
Afundamento é irreversível e deve levar "décadas" até parar. Em outras partes do mundo, segundo Nobre, processos similares demoraram "dez, 20, 30 anos". "De repente, ele [afundamento] pode parar e recomeçar em outro momento onde se tenha diferença de pressões. Ou pode haver a ruptura — e esse é o pior cenário", explicou.
A natureza foi agredida, e agora a natureza está reagindo. Quem dita as regras não somos nós, é a natureza. As pessoas que saíram dessa localidade que hoje sofre com esse fenômeno, a princípio, não devem retornar mais.
Abelardo Nobre, da Defesa Civil de Maceió, à GloboNews
Entenda o caso
O afundamento do solo aconteceu em área de onde a Braskem extraía sal-gema, um cloreto de sódio que é utilizado para produzir soda cáustica e PVC. A empresa possui 35 minas na região.
A exploração de sal-gema começou na década de 1970 e foi encerrada em 2019. Cerca de 60 mil pessoas foram deslocadas da região nos últimos anos. A Prefeitura de Maceió decretou situação de emergência.
A Braskem diz monitorar a situação com equipamentos de alta tecnologia e trabalha com dois cenários possíveis para resolver o problema. A empresa prevê uma "acomodação gradual até a estabilização" ou uma "possível acomodação abrupta" — ou seja, um colapso.