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Helicóptero desaparecido em SP: o diálogo entre piloto e dono de heliponto

Do UOL, em São Paulo

02/01/2024 18h42Atualizada em 03/01/2024 12h08

O piloto do helicóptero que desapareceu em São Paulo no último domingo (31) relatou dificuldades devido às condições climáticas, em conversa com o dono e coordenador do heliponto em Ilhabela. As buscas continuam —o piloto e três passageiros estão desaparecidos.

O que aconteceu

O piloto, identificado como Cassiano, narrou a Jorge Maroum as condições climáticas ruins durante o voo. O UOL teve acesso às conversas entre a aeronave e o heliponto em que estava previsto o pouso.

Veja os diálogos em diferentes momentos do voo:

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- Oi, Jorge.

- Oi.

- Tá tudo colado aqui. Não vai dar certo não, Jorge ["colado", no jargão técnico, significa visibilidade ruim].

- Mas vem por cima. Tem um buraco aqui ["buraco" seria um espaço limpo no céu].

- É, mas aqui onde eu estou não tem condição de subir.

- Por quê?

- Porque não dá para subir. Está tudo colado. Estou com o 44 [helicóptero modelo Robinson R44].

- Mas não dá para ir por cima da camada?

- Se tivesse. Está tudo colado, não consigo ir para cima da camada.

- Aqui está um tempo bom, meu.

- É?

- Eu digo por cima. Não por baixo. Por cima.

- Eu sei. Por cima não consigo subir.

- Mas acha um buraco. Você sobe e vem para cá, tem um buraco.

- Tá bom. Se eu achar, eu vou.

- Tem gasolina aí, né?

- Gasolina não. O táxi tá esperando.

- Tá bom.

- Tá bom. Falou.

Em outro áudio, o heliponto tenta se comunicar com o helicóptero.

- Tem um buraco aqui ó. Cassiano? Cassiano? Cassiano? Alô.

Em outra ligação, o piloto fala que tentaria seguir as orientações.

- Vou tentar ir por cima.

- Tá. Você viu a imagem que eu te mandei?

Nesse momento a ligação é cortada. Jorge Maroum narrou que o primeiro contato com o piloto aconteceu às 11h09. Às 14h42, devido ao atraso do voo, tentou outra vez ligar para o helicóptero.

O dono do heliponto diz ter enviado ao piloto uma foto da condição climática no local do pouso às 14h42.

Dono de heliponto em Ilhabela diz que enviou uma foto para piloto de helicóptero sumido Imagem: Arquivo Pessoal

Às 15h13, Maroum relata ter tentado contato mais uma vez com o piloto, mas sem sucesso.

Fiquei chamando no VHF na frequência do corredor litoral 122.925 por aproximadamente uma hora e sem resposta.
Dono do heliponto em Ilhabela

O dono do heliponto afirmou que passou todos os detalhes e conversas para as autoridades. Além das coordenadas do último contato, ele ainda narrou que o local em que os pilotos costumam cruzar é chamado de fazendinha (Fazenda Serramar).

A FAB (Força Aérea Brasileira) reforçou hoje, em nota, que Maroum não é controlador de tráfego aéreo. "O tom informal e as informações repassadas não condizem com a prática diária dos profissionais habilitados para tal função."

O desaparecimento

O helicóptero modelo Robinson R44 desapareceu na véspera do Réveillon. A aeronave saiu do aeroporto Campo de Marte, na capital paulista, rumo a Ilhabela.

A suspeita inicial é de que o sumiço tenha ocorrido na região da Serra do Mar. De acordo com a PM, o helicóptero decolou às 13h15 e fez o último contato às 15h10.

Os passageiros no helicóptero são: Letícia Rodzewics, a mãe dela, Luciana Rodzewics, e Raphael Torres. Segundo Silvia Rodzewics, irmã de Luciana, Raphael é amigo da mulher e a convidou para o passeio bate e volta, para o qual ela levou a filha.

Letícia disse ao namorado que a aeronave fez um pouso de emergência numa mata antes de perderem contato. A informação foi confirmada pela tia da passageira, Silvia Santos.

Luciana gravou um vídeo mostrando a decolagem e início do voo, ainda em São Paulo. As imagens foram postadas nas redes sociais.

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