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Rejeito da tragédia de Brumadinho não será reaproveitado, diz Vale

Cava da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, onde estão sendo depositados os rejeitos que vazaram da barragem da Vale em janeiro de 2019 Imagem: Luciana Quierati/UOL

Luciana Quierati,

Do UOL, em Brumadinho*

12/01/2024 19h57Atualizada em 12/01/2024 20h26

Os cerca de 10 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro, que há cinco anos vazaram da barragem B1, em Brumadinho (MG), não serão reaproveitados, segundo a Vale.

O que aconteceu

A empresa diz que não vai reaproveitar os 9,7 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro vazados durante a tragédia de Brumadinho. O compromisso foi anunciado nesta sexta (12) pela diretora de Reparação da mineradora, Gleuza Jesué, e pelo diretor de Projetos de Valor Social, Rogério Galvão.

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A Vale afirma que a decisão foi tomada em respeito às vítimas do desastre. "Em respeito a todas as pessoas que ali faleceram, esse material não terá nenhum uso", afirmou Gleuza, durante evento para jornalistas, em Brumadinho. A contagem oficial de mortos no desastre é de 270 pessoas —mas as famílias contam os bebês de duas vítimas gestantes.

Famílias temiam que a Vale pudesse reprocessar e comercializar o rejeito. Em novembro de 2019, a mineradora apresentou à Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais um pedido de licença para depositar o material na cava da mina —após inspeção do Corpo de Bombeiros, encarregados das buscas às vítimas.

O rejeito ainda teria valor de mercado. Isso porque, quando o barramento começou a ser construído, na década de 1970, a tecnologia de beneficiamento existente não dava conta de extrair todo o potencial do minério bruto retirado da cava da mina.

Para a associação de vítimas do rompimento, o material contém "o sangue" das 272 vítimas e não pode ser negociado. "Nosso clamor é para que esse material nunca seja reprocessado e vendido, porque ele contém o sangue dos mortos nessa tragédia-crime da Vale", diz a presidente da Avabrum, Andresa Rodrigues.

A empresa garante também que não irá mais extrair minério bruto da cava. "É um compromisso da Vale", afirma Rogério Galvão —sem precisar ainda o que será feito da Mina Córrego do Feijão quando as buscas forem encerradas. Ela está inativa, desde o rompimento.

Buscas continuam

Segundo os Bombeiros e a Vale, buscas a corpos e segmentos de corpos foram feitas em cerca de 75% do rejeito. Dois milhões de metros cúbicos já foram colocados na cava, de um total de 7 milhões autorizados pela licença concedida. O restante do material inspecionado, de acordo com Galvão, aguarda a destinação em depósitos temporários dentro da mina.

Após quase cinco anos de buscas, três vítimas ainda não foram encontradas. A previsão é que as buscas só sejam encerradas após a localização dos últimos corpos desaparecidos.

*A repórter viajou a Brumadinho a convite da Vale

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