Defesa de mulher que atacou casal em SP cita 'injustiça': 'Há duas versões'
Do UOL, em São Paulo
09/02/2024 16h09
A defesa de Jaqueline Santos Ludovico, 33, empresária que atacou um casal gay em uma padaria de São Paulo, classificou a reação ao caso como uma "injustiça" e declarou que "há duas versões dos fatos".
O que aconteceu
Os advogados da empresária alegaram que há duas versões dos fatos e que Jaqueline estava em "situação de vulnerabilidade". "A história completa e a verdadeira complexidade dos eventos exigem uma abordagem mais sensível e equilibrada, que reconheça a situação de vulnerabilidade da sra. Jaqueline e a injustiça de julgá-la apenas com base em fragmentos de informações", diz nota enviada ao UOL.
A defesa também classificou a reação ao caso como "exagerada" e "parcial". "A exagerada e parcial forma como o caso tem sido tratado e divulgado através da internet e dos meios de comunicação de massa não só comprometem a integridade da investigação em curso, mas também colocam em risco a segurança e o bem-estar da família da acusada, entre eles seus dois filhos menores, que vem sofrendo ameaças constantes".
Jaqueline Santos Ludovico estaria sendo alvo de "linchamento virtual", segundo seus advogados. A defesa esclareceu que a versão da empresária será apresentada as autoridades cabíveis. A nota é assinada pelos advogados Adriana Sousa, Paulo Eduardo e Tiago de Mello. "Os fatos encontram-se sob investigação das autoridades policiais, e nesse momento não há que se antecipar às conclusões da Polícia e do Poder Judiciário".
Neste momento delicado, é imprescindível que se resguarde a privacidade e a dignidade da família da Sra. Jaqueline, especialmente dos seus filhos menores envolvidos, garantindo-lhes o direito a um julgamento justo e imparcial, sem o peso indevido da pressão pública e do linchamento virtual.
Defesa de Jaqueline Santos Ludovico
Empresária atacou casal gay em uma padaria
Jaqueline Ludovico fez ataques com tons de homofobia contra o casal Rafael Gonzaga e Adrian Grasson. As vítimas, segundo relatado no boletim de ocorrência, teriam sido impedidas pela empresária de estacionar na padaria. Ela ainda teria batido no retrovisor do veículo e chamado o motorista de "viado folgado", além de ter atirado um cone contra as vítimas.
Após os três entrarem na padaria, a discussão continuou, e a mulher teria agredido o casal, provocando sangramento em ambos. Os xingamentos e parte das agressões foram filmadas pelas vítimas.
Em determinado trecho do vídeo, é possível ouvir a mulher dizer que "os valores estão sendo invertidos". "Eu sou de família tradicional. Eu tenho educação. Diferença dessa porr# aí". Outras pessoas presentes na padaria também foram ofendidas. "Eu sou branca (...) olha o mimimi aí. Chama a polícia, vamos ver quem vai preso aqui", emendou.
O caso fez a deputada Érika Hilton (PSOL) solicitar investigação ao Grupo Especial de Combate à Intolerância do Ministério Público. Além de investigar a mulher, a deputada também pede apuração da conduta da padaria Iracema e da Polícia Militar por negligência. O Grupo Especial de combate à Intolerância do MPSP confirmou que recebeu o documento.
A investigação será feita pela Decradi (Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais contra a Diversidade Sexual e de Gênero e outros Delitos de Intolerância). A padaria Iracema, onde o caso ocorreu, disse "lamentar profundamente o acontecido" e afirmou "repudiar veementemente qualquer forma de discriminação e desrespeito".