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RS: Motoboy negro vítima de agressão tratado como criminoso, diz ministro

Do UOL, em São Paulo

18/02/2024 12h10

O ministro dos Direitos Humanos disse que o "racismo perverte instituições e agentes" ao se referir sobre os policiais militares que trataram homem agredido como criminoso ao algemarem ontem um motoboy negro após ele ser esfaqueado em Porto Alegre (RS).

O que aconteceu

"Racismo perverte". Em seu perfil no X (antigo Twitter), o ministro Silvio Almeida disse que o racismo perverte instituições e agentes. "O caso do trabalhador negro, no Rio Grande do Sul, que tendo sido vítima de agressão acabou sendo tratado como criminoso pelos policiais que atenderam a ocorrência, demostra, mais uma vez, a forma como o racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes".

"Racismo estrutural". "É preciso que as instituições passem a analisar de forma crítica o seu modo de funcionamento e aceitar que em uma sociedade em que o racismo é estrutural, medidas consistentes e constantes no campo da formação e das práticas de governança antirracista devem ser adotadas (...). É preciso aceitar críticas e passar a adotar medidas sérias de combate ao racismo em nível institucional".

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Conversa com ministra Anielle Franco. Silvio Almeida disse ainda já ter conversado com Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, ppara acompanhar o caso e "ajudar na construção de políticas de maior alcance", escreveu.

Governo do RS determinou apuração do caso. Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, disse ontem ter determinado abertura de sindicância na Brigada Militar sobre a atuação dos agentes no episódio.

O que se sabe sobre o caso

Vídeos divulgados em redes sociais mostram o motoboy sendo prensado contra a parede por policiais até ser algemado e levado para a caçamba de uma viatura. Nas imagens, durante a abordagem truculenta, um idoso, suspeito de ter dado a facada, passa sozinho e diz que iria pegar os seus documentos.

Pessoas que passavam pelo local protestaram contra a ação dos policiais dizendo que a atitude contra o motoboy foi racista. "Quem tomou a facada foi ele", disse um rapaz no vídeo.

O homem negro foi levado antes à viatura. Ao UOL, uma testemunha afirmou que o idoso foi no banco de trás do veículo, enquanto o motoboy foi na caçamba. No meio da tarde, ambos foram liberados.

A Brigada Militar do Rio Grande do Sul informou que o Comando de Policiamento da Capital abriu sindicância para apurar "as circunstâncias da abordagem". Em nota, a corporação afirma que os PMs foram acionados para atender a uma ocorrência de agressão. "Os dois homens envolvidos em vias de fato foram conduzidos para a delegacia para prestar esclarecimentos".

O que disse o motoboy

O motoboy Everton Henrique Goandete da Silva disse que o homem que aparece no vídeo deu uma facada em seu pescoço. A reportagem não conseguiu contato com o idoso. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

Everton afirmou que, após a facada, arremessou pedras na direção do idoso, mas não o acertou. O ferimento em seu pescoço foi apenas superficial e o motoboy não precisou de atendimento médico.

Os vídeos publicados em redes sociais mostram que a abordagem dos policiais para algemarem o motoboy aconteceu após ele ter se irritado porque o idoso disse que ele não trabalhava. Naquele momento, porém, ele não agride nem os PMs nem o idoso.

Ali [perto da casa do idoso] fica um entra e sai de motoboys [a região tem diversos restaurante] e, como ele não gosta, desceu de casa e, na real, tentou me matar. Foi isso que aconteceu. Se a faca estivesse afiada já era.
Everton Henrique Goandete da Silva

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