Com 55 mortos, enchente de maio no RS já mata mais que temporal de setembro
O Rio Grande do Sul registrou 55 mortes em decorrência das fortes chuvas que atingem o estado, segundo balanço divulgado pela Defesa Civil na tarde de sábado (4). O número é maior do que o registrado na enchente de setembro do ano passado, quando 54 pessoas morreram.
O que aconteceu
Defesa Civil apura se mais sete óbitos registrados têm relação com os temporais. O balanço também indicou que há 74 desaparecidos e 107 feridos.
"Foco é salvar vidas", diz governador em live na manhã deste sábado. Segundo o político, 22 aeronaves atuam no estado para fazer resgates em áreas alagadas. "As pessoas precisam entender a gravidade do que estamos vivenciando aqui no Rio Grande do Sul", disse Leite. Ele pediu para que a população fique atenta aos alertas emitidos pelas autoridades.
Em Porto Alegre, o prefeito pediu que moradores deixem a região de Sarandi, na zona norte da cidade, pelo risco de rompimento de um dique. Ontem, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul já havia feito uma "orientação expressa" para a evacuação de parte do centro histórico da capital gaúcha.
Na sexta (3), um portão do sistema contra inundações se rompeu em Porto Alegre e causou alagamentos. Imagens mostram os CTs do Internacional e do Grêmio completamente alagados. A rodoviária e o centro histórico da capital também foram tomados pela água.
Nível do Guaíba ultrapassa recorde. O rio atingiu 5,04 metros de altura às 10h de hoje, ultrapassando o recorde da maior cheia registrada até então, de 4,76 metros, em 1941, quando inundou grande parte do centro.
Guaíba deve ficar acima dos 5 metros durante 2 a 3 dias, diz hidrólogo. Segundo Pedro Camargo, da Sala de Situação do Estado, o pico deve ocorrer neste intervalo devido ao volume de água que chega do rio Jacuí. Ele estima, no entanto, que o nível do Guaíba deve permanecer com números muito elevados, na casa dos quatro metros, por até 10 dias.
O Aeroporto Salgado Filho está fechado por tempo indeterminado. Todas as operações de pousos e decolagens estão suspensas em razão das chuvas.
Gaúchos estão sem energia elétrica, água e serviço de telefonia. De acordo com a Defesa Civil, 350 mil imóveis estão sem energia elétrica — são 54 mil clientes da CEEE Equatorial e 296 mil da RGE Sul. Falta abastecimento de água para 860.952 clientes da empresa Corsan. As operadores Tim, Vivo e Claro estão sem serviços de telefonia e internet em 63, 46 e 19 municípios, respectivamente.
Aulas foram suspensas nas 2.338 escolas estaduais, impactando quase 200 mil alunos. 224 delas foram danificadas e 30 estão servindo de abrigo.
Chuvas também causaram estragos em rodovias estaduais. São 128 trechos em 68 rodovias com bloqueios totais ou parciais, entre estradas e pontes.
'Pior desastre já registrado na história do estado', diz governador
Imagens registradas por moradores e autoridades mostram casas sendo levadas pelas enchentes e pontes destruídas. O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública na quarta-feira (1º), com prazo de 180 dias — algumas regiões receberam mais de 800 milímetros de chuva. Há cidades catarinenses que anunciaram a mesma medida.
O governador Eduardo Leite (PSDB) destacou necessidade de doação de colchões, cobertores, roupas de cama e banho. São os itens mais demandado no momento, para dar suporte aos abrigos.
Um escritório de monitoramento do governo federal será instalado a partir de segunda (6) em Porto Alegre. Os ministros Waldez Góes (da Integração e do Desenvolvimento Regional) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) viajarão para a cidade.
O governo federal também adiou o CPNU (Concurso Público Nacional Unificado), que seria realizado no domingo (5). O Ministério da Gestão afirmou que a nova data para o Enem dos Concursos será anunciada "assim que houver condições climáticas e logísticas de aplicação da prova". Mais de 2,1 milhões de pessoas se inscreverem em todo país. Os editais não previam uma reaplicação.