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Chuvas não param, rios sobem e RS se prepara para repetição de tragédia

Do UOL, em Porto Alegre

12/05/2024 17h17Atualizada em 13/05/2024 06h55

Rádios veiculando alertas de evacuação a pedido de prefeituras do interior, rios voltando a subir e deslizamento causando morte na serra. O Rio Grande do Sul volta a sentir as consequências da chuva que voltou na sexta-feira (10) à noite e não parou.

O que aconteceu

Ruas de Lajeado (RS) que estavam secas estão inundadas outra vez. O trabalho de limpeza que moradores haviam começado se mostrou inútil porque a parte da cidade que eles moram foi tomada pela água novamente.

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Em Caxias do Sul, um servidor público morreu soterrado. Luciano Henrique Santos Lacava, 49, estava trabalhando quando um deslizamento varreu o prédio da Companhia de Desenvolvimento da cidade.

Nas últimas 24 horas choveu de forma intensa. Foram 120 milímetros de precipitação na serra e região metropolitana de Porto Alegre.

As pessoas desistiram de voltar para casa. Sabem que precisarão ficar mais tempo em abrigos ou casa de parentes.

O Guaíba ilustra bem o momento do Rio Grande do Sul. Até a semana passada, a maior enchente da história de Porto Alegre era a de 1941. Este recorde permaneceu válido por 83 anos. Ocorre que a nova marca história será batida em menos de 7 dias se a previsão dos hidrólogos estiver correta.

Em função dessa chuva volumosa, praticamente todos os grandes rios do Estado apresentam tendência de elevação, com elevações rápidas em cotas de inundação
Trecho de boletim da situação do governo do RS

Alagamento no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo (RS) Imagem: NELSON ALMEIDA/AFP

Sem alívio no curto prazo

Os indicadores de que a tragédia vai se repetir surgem de todos os lados:

  • A Prefeitura de Pelotas ordenou evacuação de 27 localidades;
  • Em Rio Grande, são 7 áreas de risco;
  • Grupo de hidrólogos da UFRGS prevê que o rio Guaíba chegará a 5,50 metros. Será o maior nível da história;
  • Semana passada, o Guaíba avançou sobre considerável parte de Porto Alegre ao alcançar 5,35 metros - o maior nível de todos os tempos até então;
  • Alertas do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) preveem chuva intensa, queda de temperatura e ventos de até 60km/h para os próximos dias;
  • O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais informou que é "muito alta" a probabilidade de cheias no RS;
  • Existem 133 bloqueios em estradas --são 51 em rodovias federais e 82 em rodovias estaduais;
  • O acesso a Porto Alegre é dificultado porque existem 11 trechos onde há interrupção;

Risco em todas as regiões

O Dia das Mães foi de más notícias. Na serra, as ameaças são os deslizamentos. As cidades ao longo da bacias dos rios Caí e Taquari, e posteriormente no Jacuí, se dividem em duas situações: as que já inundaram e as que sabem que isso é questão de tempo.

Em Estrela (RS), o rio Taquari está quase 5 metros acima do nível que causa enchente. Diante do cenário, prefeitos se revezam em rádios locais e estaduais pedindo para as pessoas deixarem suas casas e interromperem trabalhos de limpeza.

Nas grandes cidades do RS a situação também se deteriora. Municípios com centenas de milhares de habitantes como Pelotas, Rio Grande e da Região Metropolitana de Porto Alegre testemunham uma mudança de tendência. O nível d'água, que estava baixando, agora sobe.

Imagens de drone mostram área alagada em Porto Alegre Imagem: Adriano Machado/REUTERS

Inversão de expectativa

Pessoas que planejavam voltar para casa convivem com a decepção. A água sanitária, sabão e detergente coletado em pontos de doação vão esperar porque os moradores não podem continuar o trabalho de limpeza.

Resta a resignação. Serão mais noites dormindo na casa de parentes ou em abrigos. A sensação de impotência aumenta porque 538.284 desalojados continuam a depender de terceiros para comer, beber e vestir.

Os indícios de piora do cenário aparecem nos números oficiais. O número de mortos estava em 145 no balanço da defesa civil do começo da noite deste domingo. Já o de desaparecidos, subiu para 132.

Já são mais de 2,1 milhões de pessoas afetadas pelas cheias, sendo mais de 500 mil desalojadas.

Bombeiros resgatam moradores com barcos, no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo (RS) Imagem: NELSON ALMEIDA/AFP

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