Polícia apura se irmão de Djidja manteve relação com ex sob efeito de droga
Colaboração para o UOL, em São Paulo
03/06/2024 09h33Atualizada em 03/06/2024 15h27
A Polícia Civil do Amazonas investiga se Ademar Cardoso manteve relações sexuais com a ex-namorada enquanto ela estava sob efeito da droga que era usada por ele e pela irmã, Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido.
O que aconteceu
Caso fique comprovado que Ademar manteve relações com a ex sob o efeito do entorpecente, ele pode responder por estupro de vulnerável. A polícia também apura a suspeita de que a ex-namorada de Ademar tenha sofrido um aborto devido ao uso da cetamina - droga que era usada pelo suspeito e seus familiares nos rituais religiosos. Ademar e a mãe, Cleusimar, estão presos.
Ex-namorada diz que passou a consumir a droga ao ser "aliciada" pela seita, conhecida como "Pai, Mãe, Vida". "Você só podia frequentar a casa se você usasse droga e meditasse. 'Pai, Mãe, Vida vai cuidar de você. Pai, Mãe, Vida vai te curar'", declarou a mulher em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, neste domingo (2).
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Ademar e Cleusimar são investigados por suspeitas de integrar grupo religioso que fornecia e distribuía ilegalmente drogas. A polícia também investiga crimes envolvendo violência sexual praticados na seita.
Cleusimar convidou delegado para integrar a seita. "Na verdade ela disse, 'para o senhor entender, o senhor tem que fazer a meditação como fazemos'", explicou Cícero Túlio ao UOL.
Mãe e filho têm dependência química, diz advogado
Advogado Vilson Gomes Benayon Filho disse ao UOL que a mãe e o irmão de Djidja faziam uso prolongado de drogas. "Eles são dependentes químicos, não tinham condições psicomotoras de se locomover", afirmou. Os mandados de prisão ocorreram na quinta-feira (30), e na sexta-feira (31), ambos passaram pela audiência de custódia.
Cleusimar e Ademar teriam se apresentado na delegacia como Maria e Jesus, diz advogado. "A mãe de Djidja se identificou como Maria, mãe de Jesus, e disse que o filho era Jesus, eles não tinham noção. Isso aconteceu logo depois da prisão, entrei na sala e eles falaram isso", afirma Benayon Filho. "Eles também convidaram o delegado para experimentar, tomar conhecimento da espiritualidade."
Grupo religioso se chamava "Pai, Mãe, Vida". No grupo, segundo a polícia, eram realizados rituais com o uso indiscriminado de cetamina — droga sintética de uso veterinário com efeitos alucinógenos. As investigações apontam que algumas vítimas passaram por violência sexual e aborto.
Como era o local dos rituais
No local utilizado para a seita foram encontradas seringas, doses de cetamina, frascos vazios, medicamentos, computadores e documentos. Equipes da Polícia Civil do estado estiveram na casa na terça-feira (28) e na quinta-feira (30), segundo o delegado Cícero Túlio, responsável pelas investigações do caso.
Cheiro ruim no espaço dos rituais. "A casa tinha cheiro de carne em estágio de putrefação", disse o delegado. Segundo ele, os suspeitos tinham lesões na pele "tipo necrose por conta das aplicações". A polícia esteve no local no dia em que Djidja Cardoso morreu e na ocasião das prisões preventivas.
Vítimas foram mantidas "despidas e sem se banhar durante todo período". Segundo as investigações, teria ocorrido ainda um aborto de uma das vítimas que estava grávida.