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Cidade de São Paulo registra junho mais seco em 29 anos, segundo o CGE

Este é o mês de junho mais seco desde 1995, quando o CGE iniciou as medições de índice pluviométrico Imagem: WESLEY REZENDE /PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

20/06/2024 04h00

A capital paulista registra, até o momento, o mês de junho mais seco em quase 30 anos, segundo levantamento feito pelo CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas), da Prefeitura de São Paulo.

O que aconteceu

Capital paulista tem tempo seco há 22 dias. Houve apenas 0,3 mm de chuva, o que corresponde a 0,6% da média para o mês, que é de 49,5 mm. Segundo a definição do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), 1 milímetro de chuva em 24 horas em uma certa localidade significa que, em cada metro quadrado, caiu 1 litro de água. No caso de São Paulo, nem isso a cidade registrou.

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Este é o mês de junho mais seco desde 1995, quando o CGE iniciou as medições de índice pluviométrico. Antes disso, o período de estiagem mais crítico ocorreu em junho de 2002, com 1,5 mm de média de chuva na cidade. A maior temperatura média máxima foi registrada no dia 16, com 28ºC. O recorde é de junho de 2005, com 29,4ºC.

Os meteorologistas dizem que uma massa de ar seco permanece estacionada sobre boa parte da região central do Brasil. Essa condição meteorológica inibe a formação de nuvens e também interfere na livre passagem de sistemas frontais pela costa paulista.

A secura fez a Secretaria Municipal de Educação a emitir alerta para aulas ao ar livre. O número de incêndios em áreas de matas na região metropolitana também aumentou. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) publicou, nesta semana, um alerta de baixa umidade para a Grande São Paulo. Ela deve variar entre 30% e 20%, faixa que já configura uma situação de alerta.

O tempo seco pode provocar alguns problemas de saúde, como garganta irritada, sangramento nasal, doenças respiratórias (como rinite e asma), dor de cabeça, sensação de areia nos olhos e pele ressecada. Especialistas pedem que a população mantenha cuidados, como:

  • Evitar exercícios físicos e trabalhos ao ar livre entre as 10h e as 16h;
  • Evitar aglomerações em ambientes fechados;
  • Usar soro fisiológico para umidificar olhos e narinas;
  • Umidificar o ambiente através de vaporizantes, toalhas molhadas, recipientes com água;
  • Permanecer em locais protegidos do sol, sempre que possível;
  • Beber bastante água;
  • Dormir em local arejado;
  • Evitar banhos com água muito quente, que ressecam a pele, e usar, sempre que possível, um creme hidratante.

O tempo seco deve permanecer nos próximos 15 dias, com máximas que devem chegar a 31º C na segunda (24), segundo previsão da Climatempo.

Falta de chuva pode ter ajudado a derrubar casos de dengue

Casos dengue diminuíram na capital paulista. Para especialistas ouvidos pelo UOL, a estiagem pode ter relação com a queda nos registros da doença na cidade.

O último dia de chuva significativa apontado pelo CGE, em São Paulo, ocorreu no dia 27 de maio, quando caíram 27,8 mm. Os novos casos de dengue vêm registrando queda considerável desde a semana de 3 junho, segundo boletim epidemiológico da secretaria municipal de Saúde.

  • 20 de maio: 40.378 casos
  • 28 de maio: 33.794 casos
  • 3 de junho: 20.628 casos
  • 10 de junho: 10.950 casos
  • 17 de junho: 2.718 casos

Já estávamos esperando uma queda no número de casos de dengue em São Paulo (e no Brasil como um todo), com a chegada dos meses de junho e julho. Eu diria que era para ter caído o número até um pouco antes. Mas, como nós ainda tivemos o mês de maio mais quente que o habitual e com chuvas, a gente acabou tendo um número de casos muito altos. Agora, a partir de junho o calor permanece, o que, claro, para a fêmea do mosquito é bom, porém, você não ter chuva é o que está fazendo toda a diferença. A fêmea do mosquito precisa de água para poder pôr os seus ovos. Eu ainda vejo casos de dengue, mas não se compara com as semanas que precederam. Infectologista Rosana Richtmann, consultora do SBI (Sociedade Brasileira de Imunologia)

A gente viveu um aumento muito expressivo neste ano no número de casos de dengue, que é uma doença sazonal. Mas períodos de seca podem realmente reduzir a proliferação do mosquito e, com isso, o número global de casos. O esperado agora é que a gente continue observando essa queda. Igor Maia Marinho, infectologista do Hospital das Clínicas da USP e coordenador de Infectologia do Hospital São Camilo e Hospital Leforte/Dasa

Apesar da queda, os especialistas ouvidos pelo UOL pedem para as pessoas manterem os cuidados. "Eu diria que a população deve ter os cuidados sempre o ano inteiro em relação às coisas básicas, como evitar o acúmulo de água e, se você for se expor, mesmo com esse calor, usar um repelente é muito bem-vindo. Então, eu manteria as recomendações, mas, em especial, aos reservatórios", diz Rosana Richtmann, lembrando ainda que a vacinação contra a dengue já está disponível.

Por que chove tanto no RS e em São Paulo, não?

Várias cidades do Rio Grande do Sul enfrentaram enchentes durante os meses de maio e em junho. Foram 177 mortos e 37 pessoas permanecem desaparecidas, conforme a Defesa Civil do estado. Os meteorologistas dizem que parte da explicação para tanta chuva lá, e nada cá, está em um bloqueio atmosférico.

Estamos com uma massa de ar seco, um bloqueio atmosférico, e isso impede a passagem das frentes frias que ficam semiestacionárias nos estados do Rio Grande do Sul e em parte de Santa Catarina, além disso, há também a formação de áreas de baixa pressão atmosférica, que associadas a frente fria, aumentam o volume das chuvas sobre a região. Adilson Nazário, meteorologista do CGE, da Prefeitura de São Paulo

Capital paulista corre risco?

Quando se fala em falta chuva, logo vem à cabeça do paulistano a crise hídrica enfrentada no ano de 2014. Na ocasião, reservatórios ficaram sem água e a população local precisou mudar hábitos.

Apesar da seca, a situação desta vez parece um pouco diferente. Os mananciais que abastecem a região metropolitana permanecem numa situação aparentemente confortável.

  • Cantareira: 67,9% (estado: bom)
  • Alto Tietê: 66,6% (estado: bom)
  • Guarapiranga: 66,2% (estado: bom)
  • Cotia: 68,2% (estado: bom)
  • Rio Grande: 79,9% (estado: excelente)

Mesmo com reservatórios em níveis satisfatórios, população deve usar a água de forma consciente, diz Sabesp. A empresa responsável por administrar o sistema de reservatórios na Grande São Paulo ressaltou que é importante manter medidas simples do dia a dia, em qualquer situação, "que podem fazer a diferença para garantir o abastecimento à população". Entre elas, o banho mais curto e não dar descarga à toa.

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