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'Que foi, mulher?': menino que ganhou fama com vídeo consegue cirurgia

Eduardo Santos Lima, conhecido como Duduzinho, conseguiu marcar a cirurgia após vídeo viralizar Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

30/06/2024 04h00Atualizada em 30/06/2024 18h09

A família do pequeno Eduardo Santos Lima, conhecido como Duduzinho, que ganhou fama nas redes sociais por um vídeo em que conversa com uma prima, conseguiu marcar a cirurgia para o menino de quatro anos. O procedimento será custeado com dinheiro arrecadado em vaquinha aberta na internet.

O que aconteceu

Vídeo acumulou mais de 29 milhões de visualizações. A cena ocorreu em maio, quando a prima Natali Torres foi picada por um mosquito. A menina caminhava com o garoto para um açude, em Irauçuba, no interior do Ceará.

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É aí que ele reage e pergunta: "Que foi, mulher?! Que bicho te mordeu?". Junto com a fala, mãos coçam a cabeça e um olhar aparentemente confuso. Natali apenas sorri. (Assista ao vídeo abaixo)

Além da cena que repercutiu, a magreza do menino também chamou a atenção de muita gente. Isso acontece porque Duduzinho tem um problema de saúde, o crescimento das amígdalas e adenoides. Isso faz com que o menino tenha dificuldades para respirar, dormir e se alimentar.

O Duduzinho perde peso [devido a essas dificuldades]. Ele é magrinho. O único peso que ele consegue chegar é o de 13 quilos. Já chegou a pesar 11. É uma luta constante. Eram noites longas acordado, eu e o pai revezando, segurando o Dudu a noite toda nos braços. Eu pedia a Deus que um milagre acontecesse.
Eliete Pinto dos Santos, mãe da criança

Família conseguiu arrecadar dinheiro para o procedimento. O menino precisa de cirurgia para resolver o problema, e ela será finalmente feita em 23 de julho, em um hospital de Fortaleza. Tanto a operação quando a sua recuperação pós-operatório serão custeados com o dinheiro arrecadado graças a uma vaquinha aberta pela própria família nas redes sociais. A meta inicial era de R$ 10 mil, mas, no fim, foram arrecadados mais de R$ 36 mil. A bateria de exames realizada anteriormente foi doada pelo hospital, segundo a família.

ansiedade, felicidade, gratidão, mas também aquele momento de medo. Mãe tem medo, né? Afinal de contas, é uma cirurgia. É uma mistura de sentimentos", diz Eliete ao UOL, por telefone. "Com a cirurgia, a vida dele vai mudar totalmente. Está sendo uma explosão de emoções. A gente continua sem acreditar em tudo o que está acontecendo até hoje"
Natali Torres, prima de Duduzinho

Ao UOL, o otorrino Murillo Paura Peres Filho, médico que fará cirurgia, explicou que Duduzinho deve ficar pelo menos um dia internado e outros 20 a 30 dias sem fazer esforço físico para evitar sangramento. Também terá de passar por dieta líquida pastosa fria, porque, segundo ele, a cirurgia leva a dor de garganta nos primeiros dias.

A expectativa é das melhores, [por] realizar a cirurgia e melhorar a qualidade de vida do Duduzinho. Murillo Paura Peres Filho, médico do hospital Oto Aldeota

A família disse que o menino estava na fila de espera do SUS (Sistema Único de Saúde) há mais três meses. O UOL entrou em contato com a secretaria estadual de Saúde, que não encontrou registros dele. A reportagem também tentou falar com a secretaria municipal de Irauçuba, mas não obteve retorno.

Família vive com ajuda de auxílio do governo

Dudu vive com pais e outros quatro irmãos em casa de taipa. Os pais são agricultores, mas a mãe está sem trabalhar atualmente, pois acabou de ter dois filhos gêmeos. Eles vivem com o auxílio do Bolsa Família, que é de cerca de R$ 1.790.

São cinco crianças, e muitos gastos. A pessoa, por exemplo, se compra um chinelinho neste mês, no próximo já compra outra coisa. Assim, passar bem, bem, bem, não dá, mas ajuda, né?
Eliete Pinto dos Santos

Conta do Instagram com quase dois milhões de seguidores caiu. Isso fez com que também perdessem parte da renda que estava sendo gerada com o sucesso do vídeo. A plataforma deu até 180 dias para a recuperação do perfil, segundo a família.

Qual é o problema de Duduzinho

As adenoides são estruturas do sistema imunológico que se localizam entre o nariz e a garganta. São formadas por tecido linfóide, como as amígdalas, e ajudam na prevenção de infecções. Normalmente elas diminuem e chegam até a desaparecer na idade adulta. Adenoide não é o nome de uma doença.

Em algumas pessoas, principalmente crianças, elas podem crescer exageradamente. E, nesse caso, causar obstrução respiratória, necessidade de respirar pela boca, roncos, e perda de audição e infecções de ouvido. As causas podem estar relacionadas a alergias, infecções frequentes ou, o que é o mais comum, tendência familiar (genética), conforme explica Fabrizio Romano, presidente da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial).

Segundo a família, o problema de Duduzinho está no grau 4 de adenoide, que é quando a amígdala obstrui mais de 75% das vias aéreas.

Quando não operada, a adenoide hipertrofiada pode levar a sequelas por conta da criança respirar de boca aberta, como alterações nos dentes, mordida cruzada, mau-desenvolvimento crânio-facial, alterações de postura, cáries, baixo desempenho escolar e perda de audição com atraso no desenvolvimento da linguagem.
Dr. Fabrizio Romano

É importante ressaltar que, no processo de desenvolvimento da face de uma criança, é essencial respirar pelo nariz - uma vez que o ar entra e vai 'criando' espaços nos ossos em desenvolvimento, fazendo com que a criança tenha um desenvolvimento da face normal e com proporções adequadas. Quando respira principalmente pela boca, há um desenvolvimento anormal do rosto.
Isabela H. Schettini, otorrinolaringologista formada Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

Devido ao seu problema de saúde, Duduzinho já está há três semanas sem ir à escola, de acordo com a mãe.

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