Imagens mostram influencer e irmão minutos antes de homicídio, diz polícia
A polícia conseguiu imagens de câmeras de segurança do que seriam o influenciador Nino Abravanel, seu irmão e amigos reunidos momentos antes do homicídio de que são suspeitos na zona sul de São Paulo.
O que aconteceu
Nino, cujo nome é Deivis Elizeu Costa Silva, 18, e seu irmão, Deric Elias Costa Silva, 20, são suspeitos de terem matado um homem em São Paulo. Tarcísio Gomes Silva foi morto com dois tiros na estrada de M'Boi Mirim, na zona sul da capital. O UOL obteve o relatório da investigação com imagens que baseiam o pedido de prisão temporária no qual os irmãos são alvo.
Para a polícia, os irmãos planejaram e mataram o homem por vingança. Momentos antes da morte, Tarcísio teria espancado o avô dos jovens, Valdeci Ferreira - que morreu no mesmo dia do crime. A defesa confirma que os jovens ficaram abalados com as agressões, mas nega que eles tenham matado o homem.
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As imagens mostram os irmãos reunidos com outros três amigos em um restaurante cerca de uma hora antes do crime. Para a polícia, por estarem reunidos encapuzados, os homens estavam planejando o crime. (Veja vídeo acima)
Após saírem do estabelecimento, os irmãos e os amigos entram em um Honda City prata. Os veículos de Deric, um T-Cross, e a moto de um dos amigos, permanecem em frente ao restaurante.
Deric e Nino conseguiram a localização da vítima graças a uma postagem em uma rede social, diz polícia. Segundo a investigação, Deric pediu aos seguidores para que ajudassem a achar o homem, e alguém enviou a localização exata da vítima.
Tarcísio foi localizado, e o grupo saiu em busca do homem. Outras imagens mostram um homem encapuzado passando em frente a um posto, seguindo Tarcísio, que está com uma camisa do São Paulo. A investigação acredita que essa pessoa seja Deric.
Momentos depois, em outra imagem, é possível ver um clarão. A polícia acredita que neste momento os disparos foram efetuados contra Tarcísio.
Segundo a polícia, após os disparos, Deric correu para um terminal, onde o carro o esperava. O veículo, conforme a polícia, era dirigido por Nino. As imagens mostram os homens entrando no carro e voltando ao ponto de início, em frente ao restaurante.
Em seguida, Deric entrou em seu veículo e o amigo pegou a moto. Os outros seguiram no mesmo carro para rumo desconhecido.
Defesa nega crime e aponta falha de investigação
A investigação pediu a prisão temporária dos irmãos. Contudo, até esta segunda-feira (1º), Nino e Deric ainda não foram encontrados. Ao UOL, o advogado de defesa de ambos, Felipe Cassimiro, negou que eles tenham participado do homicídio e diz haver uma falha processual no inquérito. Ele ainda alegou que desconhece o paradeiro dos dois.
Para a polícia, os irmãos orquestraram o homicídio por questão de "honra". Segundo os autos, a investigação apontou que uma pessoa envolvida no caso disse à polícia que Deric e Nino estavam à procura de Tarcísio após descobrirem que o homem havia, no mesmo dia, espancado o avô dos suspeitos. Valdeci Ferreira, que criou Deric e Nino, não resistiu aos ferimentos e morreu horas após as agressões.
Defesa nega crime de vingança e alega falha no processo. Segundo a defesa, os jovens estavam fragilizados com a morte do avô, mas não mataram o homem.
Segundo Cassimiro, a testemunha que apontou os irmãos como possíveis responsáveis pela morte, que seria o dono de um carro usado no crime, foi "ouvida informalmente". Esta testemunha teria dito que Deric disparou contra Tarcísio e Nino conduziu a fuga deles do local dos disparos. "Agora eu pergunto, por que essa confissão não foi formalizada? A gente sabe que existem confissões sob pressão. Como a gente vai dar credibilidade a uma confissão informal?", finalizou.
Advogado entrou com habeas corpus para revogar o pedido de prisão dos clientes. De acordo com Cassimiro, os pedidos de prisão dos clientes foram irregulares, pois os suspeitos não foram intimados a depor sobre o caso. O defensor também diz desconhecer o recebimento do mandado de prisão.
Irmão da vítima disse que Tarcísio "dava trabalho"
Irmão da vítima disse ao UOL que Tarcísio "dava trabalho" aos familiares. Segundo ele, o irmão usava drogas e já havia cometido crimes como furto e tentativa de homicídio. Conforme o irmão, que prefere não ser identificado, Tarcísio acumulava desavenças. A reportagem apurou que Tarcísio respondeu na Justiça por crimes em Pernambuco e em São Paulo. O homem chegou a ficar preso por cerca de dois anos.
Tarcísio matou brutalmente o avô dos meninos. A gente não sabe os motivos, mas podemos olhar o histórico dele com crimes de violência e até o irmão narrou o envolvimento de Tarcísio em outros crimes.
Felipe Cassimiro, advogado