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Presa por morte de modelo só fez 3 períodos de medicina no Paraguai, diz PC

Grazielly da Silva Barbosa dona da clínica (à esquerda) e Aline Maria Ferreira (modelo que morreu, à direita) Imagem: Reprodução/Redes sociais

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/07/2024 18h59

A empresária Grazielly da Silva Barbosa, presa após a morte de uma modelo que realizou procedimento em sua clínica de estética, cursou medicina em uma universidade do Paraguai, mas abandonou as aulas após três períodos, segundo a Polícia Civil de Goiás.

O que aconteceu

Grazielly iniciou a graduação em medicina fora do país, sem a conclusão do curso. Ainda segundo a polícia, ela se apresentava nas redes sociais como biomédica, mas não tem diploma em faculdade regularizada pelo MEC (Ministério da Educação).

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"Embora se apresentasse e comercializasse os serviços alegando que é biomédica, ela não é", informou a delegada Débora Melo. "Nunca cursou faculdade de biomedicina, não possui registro e o que ela nos falou [em depoimento] é que cursou até o terceiro período do curso de medicina no Paraguai e trancou", destacou.

Empresária não tinha autorização para realizar aplicação de PMMA (polimetilmetacrilato). Embora fosse dona de uma clínica de estética e realizasse procedimentos que exigem conhecimentos técnicos na área de saúde, a empresária não possui formação em medicina ou biomedicina e apenas fez "cursos livres de estética", segundo a delegada.

Curso de medicina tem duração média de seis anos no Brasil e no Paraguai, fora o tempo de especialização em dermatologia. Os brasileiros que completarem a graduação em outro país devem fazer a prova do Revalida para ter autorização de exercer a profissão no Brasil, com registro no Conselho da classe.

Clínica não tinha alvará para funcionamento, nem responsável técnico, conforme a delegada. "É uma exigência para qualquer estabelecimento comercial na área de saúde e estética para esclarecer as atividades realizadas. Tem atividades mais simples — como micropigmentação e massagens — e outras mais complexas, como a utilização de substâncias injetáveis, que trazem riscos ao paciente".

Local foi interditado pela Polícia Civil de Goiás. O estabelecimento funcionava em Goiânia, mas foi fechado após a morte da modelo e influenciadora Aline Ferreira, 33, que veio a óbito dias após aplicar PMMA nos glúteos — Ferreira morreu na terça-feira (2), em Brasília, menos de dez dias após ser submetida ao procedimento estético, que teria sido realizado por Grazielly, conforme depoimento do marido da vítima à polícia.

Grazielly foi detida na quarta-feira (3) no momento em que realizava procedimento em outra paciente. Segundo a investigação, na ocasião a empresária tinha acabado de fazer uma sessão de limpeza de pele em uma cliente, além de ter fornecido informações sobre um procedimento de botox para a mulher.

Empresária é investigada por exercício ilegal da medicina, por executar serviço de alta periculosidade sem ter capacitação técnica e por crime contra a relação de consumo ao induzir os consumidores ao erro. A polícia também investiga se Grazielly cometeu crime de lesão corporal com resultado de morte em referência ao caso da modelo. O UOL não conseguiu localizar a defesa da empresária. O espaço segue aberto para manifestação.

Modelo pagou R$ 3 mil pelo PMMA

Aline Ferreira pagou R$ 3.000 para realizar a aplicação de polimetilmetacrilato para aumentar os glúteos. O procedimento levaria três sessões para ser concluído, mas a modelo passou mal e morreu dias depois de ter sido submetida a primeira sessão, em 23 de junho.

Aline passou mal logo após fazer o procedimento. A aplicação foi feita em Goiânia, e a influenciadora voltou à Brasília em seguida. Ela foi internada em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) seis dias depois, em 29 de junho.

Quadro de saúde da influenciadora piorou gradativamente. A morte de Aline foi confirmada na noite do dia 2 de julho.

Usado em Aline, o PMMA também é conhecido como bioplastia. É um preenchedor definitivo em forma de gel utilizado em tratamentos faciais e corporais. O produto é liberado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas não recomendado pela SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).

Apenas médicos têm autorização para aplicar PMMA. Apesar de liberar o produto, a Anvisa ressalta que somente profissionais de medicina com treinamento adequado estão autorizados a realizarem procedimentos com o uso de polimetilmetacrilato. O órgão também orienta que o produto seja usado em casos específicos de deformidades corporais provocadas por algumas doenças.

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