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Milícia da cracolândia 'manobra' usuários para cobrar propina de comércios

26.jun.2024 - Agente da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo na "cracolândia" Imagem: Vincent Bosson/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

25/08/2024 22h47

Os agentes da Guarda Civil Municipal acusados de formarem uma milicia na cracolândia, na capital paulista, indicavam onde os usuários deveriam ficar para cobrar propina de comerciantes.

O que aconteceu

GCMs indicavam aos usuários o lugar para ficar, os espalhando. De acordo com o Fantástico, da TV Globo, os agentes operavam um esquema de migração para 'criar o problema e vender a solução'.

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Vendiam proteção aos comerciantes. De acordo com investigação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), agentes atuavam junto ao PCC (Primeiro Comando da Capital) — inclusive os alertando sobre operações na região central de São Paulo .

Quem se negava a pagar não seria "protegido" pelos guardas. Para garantir que o comércio estaria seguro e sem a presença de usuários na fachada, os envolvidos cobravam a propina.

Lojistas pagavam cerca de R$ 50 mil por mês. De acordo com o Fantástico, com informações do MP-SP, os acusados retiravam os usuários e os obrigavam a a mudar para outra área de comércio, onde não pagavam o valor.

Os acusados Antônio Carlos Oliveira e Renata Scorsafava negam a formação da milícia. Elisson de Assis diz que tem uma empresa de monitoramento que atua legalmente.

O esquema

Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), os ex-agentes e GCMs formaram uma "milícia particular". De acordo com o MP-SP, dois guardas e dois agentes praticaram "crimes de concussão contra comerciantes da região central da cidade".

Guardas exigiam "taxa de proteção", segundo o MP-SP. Conforme a investigação, os agentes praticavam uma espécie de "segurança privada" para comerciantes, cobrando pela atuação — mesmo lotados no órgão público.

MP-SP ainda aponta para lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, agentes utilizavam laranjas, como parentes e empresas, para lavar o dinheiro oriundo das cobranças das "taxas de proteção". A investigação indicou para dezenas de transações via PIX e até depósitos em dinheiro.

Os quatro envolvidos foram denunciados por constituição de milícia privada, crime de concussão e lavagem de capitais. Denúncias foram apresentadas contra: Elisson de Assis, Tiago Moreira da Silva, Antonio Carlos Amorim Oliveira e Renata Oliva de Freitas Scorsafava.

[Os denunciados] exigiram, para si, direta ou indiretamente, em razão da função de guardas-civis metropolitanos, vantagem indevida consistente em "taxa de proteção" ou "segurança privada" de comerciantes da região central da cidade de São Paulo.
Trecho do ofício do MP-SP

O UOL tenta contato com a defesa dos acusados. Caso haja manifestação, o texto será atualizado.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que pediu na Justiça para ingressar como assistente de acusação no processo. "A Prefeitura de São Paulo informa que protocolou um pedido na Justiça para ingressar como assistente de acusação no processo dos servidores da Guarda Civil Municipal envolvidos. Elisson de Assis e Rubens Alexandre Bezerra já foram exonerados da corporação e os demais denunciados estão sumariamente afastados até a conclusão processual", conclui.

A operação

No início do mês, o Gaeco realizou na "cracolândia" uma operação para desestabilizar uma rede de crimes. Além dos guardas acusados por formação miliciana, criminosos associados ao PCC também foram alvos de 117 mandados de busca e apreensão em endereços na região central de São Paulo.

Durante a Operação Salus et Dignitas ainda foram cumpridos mandados de sequestro e bloqueio de bens e suspensão de dezenas de prédios comerciais na região central paulistana. Na ocasião, a gestão municipal alegou desconhecer qualquer milícia atuante em São Paulo envolvendo guardas-civis.

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