Três PMs são condenados por matar cantor sertanejo com tiro na cabeça em GO
Colaboração para o UOL, em São Paulo
30/08/2024 09h17Atualizada em 30/08/2024 09h17
Três policiais militares foram condenados pela morte do cantor sertanejo José Bonifácio Sobrinho Júnior, que era conhecido como Bony Júnior. O crime foi em 2012, na cidade de Goiatuba.
O que aconteceu
Militares foram sentenciados a 14 anos e três meses de prisão cada um. O júri popular entendeu que os agentes Silmar Silva Gonçalves, André Luís Rocha e Aluísio Felipe dos Santos são culpados pela morte do sertanejo. O Tribunal de Justiça de Goiás os condenou e eles vão cumprir a pena em regime inicialmente fechado. A sentença foi proferida na quarta-feira (28).
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Bony Júnior foi morto com tiro na cabeça em 28 de outubro de 2012. Conforme os autos do processo, o cantor dirigia embriagado e em alta velocidade pela GO-515, na zona rural de Goiatuba, quando durante uma perseguição policial colidiu contra uma viatura da PM e deixou um policial gravemente ferido. Este foi o fato que teria motivado os três agentes a executarem o artista.
Advogados dos militares alegaram que o homicídio foi culposo, ou seja, que os agentes não tinham a intenção de matar Bony. Entretanto, o júri não acolheu essa tese da defesa e considerou que os réus agiram de modo que impossibilitou a defesa da vítima, conforme destacado pelo Ministério Público de Goiás.
PMs já haviam sido julgados em 2016. À época, o júri entendeu que os PMs não tiveram a intenção de matar a vítima, fato que levou a família a recorrer da decisão. O TJGO determinou novo julgamento, ocorrido agora, que condenou os agentes por homicídio doloso — quando há a intenção de matar.
Militares forjaram cena de crime após atirarem na cabeça de Bony, diz o MPGO. Conforme o órgão, os PMs executaram o cantor com tiro na cabeça e, em seguida, "plantaram" uma arma no carro do sertanejo com a intenção de simular um confronto entre a vítima e os policiais, o que justificaria a morte.
Com a condenação, Aluísio Felipe dos Santos perdeu o cargo que ocupava na PMGO. Os outros dois réus, Silmar Silva Gonçalves e André Luiz Rocha, ocupam o quadro de reserva da PM, portanto, não exercem mais suas funções — eles não perderam o benefício da aposentadoria. Um quarto PM que também era julgado, Edson Silva da Cruz, morreu durante o processo e, por esse motivo, não foi a júri. Todos os condenados podem recorrer da decisão.
O UOL não conseguiu localizar os advogados dos três PMs condenados. A reportagem procurou a PMGO para pedir posicionamento, mas não obteve retorno. Em ambos os casos, o espaço segue aberto para manifestação.