Quem são os empresários de apostas na mira da operação que prendeu Deolane
Colaboração para o UOL*
05/09/2024 16h46
Darwin Henrique da Silva Filho e José André da Rocha Neto, responsáveis por empresas de apostas, são investigados na Operação Integration, que mira lavagem de dinheiro via jogos ilegais e resultou na prisão da influenciadora Deolane Bezerra.
Até o momento, as autoridades não divulgaram por completo a relação das empresas e das pessoas físicas investigadas na operação.
Darwin e José André: os nomes por trás das bets
Darwin Henrique da Silva Filho é CEO da Esportes da Sorte, fundada em 2018. A empresa atua no ramo de apostas esportivas online. Ele já disse que sua atuação nas empresas de apostas esportivas vem de sua paixão pelo futebol. Em entrevista em maio ao jornal O Globo, Darwin Filho disse que via como uma grande oportunidade a possibilidade de estreitar os laços com clubes e seus torcedores.
Darwin Filho aparece como administrador de diferentes empresas, conforme reportagem do colunista do UOL Rodrigo Mattos. Há a suspeita de que o dinheiro de uma delas, a Sports Entretenimento Promoção de Eventos, se misturava com o do jogo do bicho, da banca Caminho da Sorte, que pertencia ao pai de Darwin, também na lista de investigados pela Operação Integration.
A polícia apreendeu joias e dinheiro vivo no apartamento de Darwin Filho. No momento da apreensão realizada pelas autoridades, o empresário não estava no local, na zona sul de Recife. Darwin Filho e a esposa dele, Maria Eduarda, se entregaram à Polícia Civil de Pernambuco na tarde desta quinta-feira (5).
José André da Rocha Neto é dono da Vai de Bet, fundada em 2021. A empresa, registrada em Curaçao (local em que muitas empresas do ramo mantêm sede), fez parte de polêmica recente que culminou com a rescisão de contrato de patrocínio que a casa de apostas mantinha com o Corinthians.
Herdeiro do ramo imobiliário, Rocha Neto tem mais de 30 empresas em seu nome. Segundo informações do Estadão, o capital social dos projetos liderados por Rocha Neto soma aproximadamente R$ 19,2 milhões. A esposa e sócia de Neto, Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, também é citada na Operação Integration.
Vai de Bet faz parte do grupo Betpix N.V., também registrado em Curaçao. A Betpix N.V. é dona de outras marcas de apostas, como Betpix365, Betpix, Obabet e Pix365.
Empresário tem elo com Gusttavo Lima. O cantor é patrocinador oficial e garoto-propaganda da Vai de Bet. Uma aeronave apreendida na Operação Integral está no nome da empresa Balada Eventos, de Lima, mas é operada pela empresa JMJ Participações, cujo proprietário é Neto. A apreensão da aeronave foi confirmada pela assessoria de imprensa da empresa. A assessoria do artista afirmou que o avião foi vendido para a JMJ, mas ainda está no nome do cantor até a finalização dos trâmites burocráticos e de documentação.
O empresário não foi localizado pela polícia na Operação Integration. Considerado foragido, Rocha Neto estaria no exterior. Postagens recentes nas redes sociais mostram o empresário na Grécia com a esposa, Gusttavo Lima e a esposa do cantor Andressa Suita.
Darwin Filho e Rocha Neto foram convocados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Manipulação de Jogos de Futebol da Câmara em 2023. No entanto, os empresários não prestaram depoimento, já que o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), determinou o encerramento das apurações antes que as casas de apostas fossem ouvidas.
Prisão de Deolane
A influenciadora Deolane Bezerra foi presa na mesma operação. Na última quarta-feira (4), Deolane foi detida em Recife acusada de participação no esquema de lavagem de dinheiro dentro das empresas de apostas. Solange, mãe de Deolane, também foi presa. Após audiência de custódia realizada na manhã dessa quinta-feira (5), ambas seguirão presas preventivamente. A ligação das duas com os crimes investigados não foi detalhada.
O que aconteceu
Comandada pela Polícia Civil de Pernambuco, operação Integration investiga lavagem de dinheiro por meio de jogos ilegais. Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, cerca de R$ 3 bilhões foram movimentados pela organização criminosa investigada na ação. Foram emitidos 19 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão domiciliar, apreensão de bens (carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações) e valores, além do bloqueio de ativos financeiros que somam mais de R$ 2 bilhões. Veja aqui imagens divulgadas pela Polícia Civil de Pernambuco de parte dos bens apreendidos.
Investigações tiveram início em 2023. De acordo com o inquérito, a organização criminosa alvo da Polícia Civil de Pernambuco usava empresas de diferentes ramos, como eventos, publicidades, casas de câmbio e seguros, para praticar lavagem de dinheiro via depósitos fracionados e transações bancárias, além da compra de veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de luxo e centenas de imóveis.
Grupo usa meios legais e ilegais para a prática criminosa. Segundo as autoridades, tanto as casas de apostas online regulares quanto os jogos de azar ilegais são meios utilizados para a lavagem de dinheiro identificada. "Várias células da organização criminosa também operavam no ramo de bets. Mas o básico, o crime de origem, a gente ressalta que diz respeito a esses jogos que não são autorizados pela legislação brasileira", declarou Renato Rocha, delegado geral da Polícia Civil de Pernambuco.
*Com informações do Estadão.