Terceirizada em Goiânia deixa médicos sem salário, diz sindicato
Médicos contratados por uma empresa que prestava serviços para a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia estão sem receber salários desde junho.
O que aconteceu
O Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás encaminhou ofício à Prefeitura de Goiânia após mais de 100 médicos relatarem atrasos salariais. Segundo o Simego, profissionais que atuam na linha de frente da Saúde Municipal continuam trabalhando, mesmo sem receber.
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Médicos receberam, pela última vez, em maio. Ao UOL, uma médica que prefere não se identificar disse que representantes da empresa devedora "sumiram" após cobranças sobre os salários atrasados.
A empresa apontada pelos profissionais como responsável pelo calote é a Sólida Saúde Serviços Médicos LTDA. De acordo com a médica, a empresa dificultou a comunicação com os profissionais e atribuiu a falta de pagamentos ao atraso da Prefeitura de Goiânia em repassar verba.
A Prefeitura informou à reportagem que o contrato com a Sólida foi rescindido. A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia pontuou, ainda, que "todos os pagamentos serão efetuados pela prefeitura".
O UOL tenta contato com a Sólida. Caso haja manifestação, o texto será atualizado.
Prefeitura assumiu responsabilidade dos pagamentos, mas ainda não pagou. O UOL apurou que os salários deveriam ter sido pagos até a semana passada — o que não aconteceu.
Simego enviou ofício à gestão municipal cobrando medidas imediatas. Em nota, o órgão expressou "grande preocupação com o atraso nos pagamentos dos médicos credenciados pela Secretaria".
O Sindicato informou que a empresa foi oficiada. Contudo, não conseguiram reunião com os gestores — que desapareceram. Uma pessoa apontada como intermediadora entre a empresa e os funcionários foi contatada pela reportagem, mas disse ter saído da empresa após problemas com a Prefeitura de Goiânia, mas negou ter conhecimento das dívidas trabalhistas.
Ao teor do exposto, o Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás- Simego - apresenta este ofício e requer, com a urgência que o caso exige, a apresentação de uma resposta no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, bem como proceder ao pagamento de todas as remunerações devidas aos médicos ante a grave situação vivenciada pelos médicos citados.
Simego, em ofício
A gente continua trabalhando. Agora não é mais pela Sólida, é pela prefeitura, que prometeu pagar a gente. Mas era para pagar na sexta-feira (passada), e até agora nada.
Médica de Goiânia
Empresa contratada sem licitação
A empresa envolvida no caso foi contratada em março deste ano. O contrato assinado pela Secretaria de Saúde de Goiânia dispensou licitação.
A Sólida, com sede em São Paulo, recebeu R$ 20.871.948,00 para a gestão de saúde no município e contratação de pessoal. À época, a admissão da empresa foi uma alternativa à falta de efetivo de médicos em Goiânia.
A Secretaria argumentou que foram expedidos processos seletivos, mas sem o preenchimento das vagas oferecidas para médicos. Com isso, a Sólida e outras seis empresas foram contratadas para realizar a gestão da saúde no município. Todas estavam autorizadas a credenciar médicos e fornecer serviços em Goiânia.
A contratação da empresa foi assinada por Wilson Modesto Pollara, que chefia a pasta. Em julho deste ano, ele chegou a ser afastado por 45 dias, por suspeita de irregularidades em tentativas de contratações. À época, o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás entendeu que o secretário agiu de "má-fé" em chamamentos emergenciais para a Saúde, segundo informou a colunista do UOL Raquel Landim.
Contudo, após decreto publicado pelo prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Solidariedade), Pollara reassumiu o cargo em 15 de agosto. O UOL tenta contato com o chefe da pasta.