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HIV em transplantados: biomédica diz que teve registro usado sem permissão

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/10/2024 22h57

Uma biomédica afirma que teve seu número de registro profissional usado sem autorização no exame que atestou negativo para HIV em um dos dois doadores de órgãos que acabou infectando pacientes transplantados no Rio de Janeiro. As informações são do RJ2 (TV Globo).

O que aconteceu

O exame feito pelo Laboratório PCS Lab Saleme é assinado pela técnica Jacqueline Iris Bacellar. No entanto, o número de registro profissional que consta no documento pertence a Júlia Moraes de Oliveira Lima, uma biomédica que atualmente mora no Recife (PE) e que nunca trabalhou para o laboratório investigado pelo erro que ocasionou a infecção de seis pacientes transplantados.

Biomédica afirma que tomou conhecimento da história por meio de seu marido e que está "impactada". À TV Globo, Júlia contou que só exerceu a profissão em laboratórios particulares de São Paulo e reiterou que seu registro está cancelado há ao menos dois anos pelo Conselho Regional de Biomedicina devido a falta de pagamento de anuidade.

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"Faz um tempo que meu registro não está ativo porque não estou pagando a anuidade já que não estou atuando como biomédica", declarou Júlia ao RJ2.

Jacqueline Iris Bacellar não possui registro profissional no Conselho Regional de Biomedicina do Rio de Janeiro. À TV Globo, o órgão informou que nem a mulher nem o Laboratório PCS Saleme possuem registro ativo na autarquia. Em nota, o PCS Saleme disse investigar internamente o porquê de Jacqueline ter feito uso do registro de outra profissional.

Entenda o caso

Seis pacientes que receberam transplante de órgãos foram infectados pelo vírus no RJ. Os casos foram revelados pela rádio BandNews FM e confirmados pelo UOL junto à SES-RJ (Secretaria Estadual de Saúde do Rio).

Exames feitos nos doadores apresentaram 'falso negativo'. Todos os testes foram realizados pela PCS Saleme, de Nova Iguaçu (RJ), que havia sido contratada em caráter emergencial pela SES-RJ em dezembro. Novos exames feitos pelo Hemorio comprovaram, porém, que as amostras estavam infectadas com HIV.

Caso foi descoberto após paciente passar mal. Ele havia recebido um coração nove meses antes e chegou ao hospital com sintomas neurológicos, segundo a BandNews FM. Exames foram feitos, e o paciente teve diagnóstico positivo para HIV.

O laboratório tem duas unidades no estado: em Nova Iguaçu e em Belford Roxo, segundo o site oficial da empresa. Os exames que apresentaram erroneamente "falso negativo" teriam sido feitos na unidade em Nova Iguaçu. Segundo o Ministério da Saúde, a unidade operacional do laboratório fica no IECAC (Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro).

Todos os testes feitos pelo laboratório foram encaminhados para nova análise no Hemorio, hemocentro fluminense. Além da retestagem e da interdição do laboratório, o que já havia sido divulgado pela Secretaria de Saúde do Rio, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou auditoria "urgente" pelo Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS) e assistência especializada aos pacientes e familiares.

Nísia Trindade classificou o episódio como "grave situação adversa". "Prestaremos toda a assistência a essas pessoas e a seus familiares, e quero, além da solidariedade, reforçar esse compromisso do Ministério da Saúde. Ao mesmo tempo, temos o compromisso de garantir a segurança, efetividade e qualidade que são marcas indiscutíveis do Sistema Nacional de Transplantes do Brasil."

Secretaria de Saúde do RJ disse que está realizando "um rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório". Uma sindicância também foi instaurada para identificar e punir os responsáveis, segundo o órgão em nota enviada ao UOL.

A PCS LAB receberia quase R$ 11,5 milhões em um ano pelos serviços de "análise clínica e anatomia patológica" em unidades de saúde do RJ. Segundo o contrato firmado em dezembro com o governo estadual, seriam pagos R$ 9.799.836,03 ao laboratório pelos serviços, que durariam 12 meses. Em fevereiro, porém, foram incluídas outras duas unidades de saúde no contrato, e o valor foi reajustado em R$ 1.679.459,04. O total acordado ficou em R$ 11.479.295,07.

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