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Justiça nega absolvição de PMs que abordaram filhos de diplomatas no RJ

Adolescentes filhos de diplomatas foram abordados por policiais da UPP com armas em punho em Ipanema, no Rio, em julho de 2024 Imagem: Reprodução / Redes Sociais

Manuela Rached Pereira

Do UOL, em São Paulo

15/11/2024 12h24Atualizada em 15/11/2024 12h24

A Justiça negou a absolvição dos policiais militares que abordaram de forma considerada "truculenta" um grupo de adolescentes — três deles negros e filhos de diplomatas —, em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, em julho deste ano.

O que aconteceu

Sargentos da PM-RJ tiveram absolvição e pedidos de rejeição da denúncia negados pela Auditoria da Justiça Militar fluminense. Policiais foram denunciados pelos crimes de ameaça e constrangimento ilegal.

"Verifico não ser o caso de absolvição sumária (...) tendo em vista que não se divisa [observa] a presença de causas excludentes de ilicitude do fato ou da culpabilidade dos acusados, assim como também não se encontra extinta a punibilidade, sendo certo que, em tese, os fatos narrados na denúncia constituem crime", decidiu o juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte em 5 de novembro. A decisão judicial foi obtida pelo UOL nesta sexta-feira (15).

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Adolescentes foram abordados por policiais com armas em punho. Em 3 de julho, os sargentos Luiz Felipe dos Santos Gomes e Sergio Regattieri Fernandes Marinho abordaram um grupo de quatro adolescentes, de 13 a 14 anos, três deles negros e filhos de diplomatas do Gabão, Burkina Faso e Canadá, que estavam de férias e caminhavam pelo bairro de Ipanema para voltar ao apartamento da família de um deles.

Policiais obrigaram jovens a encostar na parede para revista. Segundo a ação penal, enquanto o policial Regattieri realizava a segurança do local, seu parceiro revistou os adolescentes, obrigando-os a exibir as partes genitais.

Ação foi registrada por câmeras de segurança e imagens vazaram nas redes sociais. O caso, então, ganhou grande repercussão e levou à denúncia dos policiais pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em setembro.

Mãe de um dos jovens criticou abordagem truculenta e destacou racismo envolvido na ação. Em seu testemunho, o filho da mulher, que é branco, diz que os policiais apontaram armas para as cabeças dos outros jovens, negros, e os trataram com truculência, enquanto ele teria sido abordado de forma mais branda.

Outras testemunhas e adolescentes foram ouvidos nas investigações. Os policiais pertencem à UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Morro do Vidigal.

Após formalizar pedido de desculpas, Itamaraty exigiu explicações e responsabilizações por parte do governo fluminense. À época, a gestão do governador Cláudio Castro repudiou a ação dos policiais e informou que forneceria todos os esclarecimentos ao Itamaraty.

Próxima audiência do caso foi marcada para fevereiro do ano que vem. O juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, da Auditoria da Justiça Militar, marcou uma audiência de prova de acusação para o dia 10 de fevereiro de 2025.

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