Motorista que matou músico em SP tinha nível de álcool 20x acima do limite
O motorista que atropelou e matou o músico Adalto Mello em São Vicente, no litoral paulista, tinha o nível de álcool no sangue mais de 20 vezes do permitido por lei para condução de veículos.
O que aconteceu
Thiago Arruda Campos Rosas, 32, conduzia o veículo com 20,5 vezes mais álcool no organismo do que o permitido. A informação consta no relatório do inquérito policial no qual o UOL teve acesso nesta quinta-feira (2).
O teste de bafômetro de Thiago Arruda apontou para 0,82mg/l (miligrama de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões) — o permitido por lei é de 0,04mg/l. Ainda segundo o boletim de ocorrência, o motorista do Kia Sportage apresentava "sinais claros de embriaguez, com fala pastosa, olhos avermelhados e andar cambaleante".
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A vítima, o cantor de pagode Adalto Mello, 39, conduzia sua motocicleta pela Avenida Tupiniquins, em São Vicente, quando foi atropelado por um carro em alta velocidade. O Samu prestou socorro ao músico, mas ele acabou morrendo no local. A ocorrência foi registrada na madrugada de domingo (29) por câmeras de segurança da região.
Impacto foi tão forte que lançou a vítima aos ares. Momentos antes da colisão é possível notar que o carro de Thiago transita em alta velocidade, desvia de um carro em zigue zague e acaba colidindo contra o músico.
À polícia, o condutor do carro importado disse que a moto surgiu repentinamente na frente dele, não tendo tempo hábil para desviar ou frear. O UOL não conseguiu contato com a defesa do motorista. Em caso de manifestação, este texto será atualizado.
O condutor que for flagrado dirigindo alcoolizado será autuado por infração gravíssima, com suspensão do direito de dirigir, multa e apreensão do veículo. Caso o resultado registre níveis superiores, como no caso de Thiago, o condutor responderá por crime de trânsito, com detenção e outras penalidades mais severas.
"Da análise das imagens, foi possível concluir que o ora indiciado, ao conduzir o citado veículo automotor, ultrapassou o âmbito da imprudência (culpa), agindo, no mínimo, com dolo eventual de ocasionar o resultado gravoso na vítima (morte)", descreve parte do boletim de ocorrência.
Motorista preso
Thiago foi preso em flagrante. Após a constatação da embriaguez ao volante a Polícia Civil registrou o caso como homicídio doloso, já que foi assumido o risco de matar.
Prisão foi convertida para preventiva pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). Em audiência de custódia no dia 30 de dezembro, o TJ entendeu que não houve arbitrariedades na prisão e considerou os agravantes do caso para a decretação, como a alta velocidade e a direção perigosa.
O caso foi inicialmente registrado como homicídio culposo na direção de veículo automotor, mas teve sua natureza alterada para homicídio doloso com dolo eventual após os trabalhos de investigação. A prisão preventiva do indiciado foi decretada pela Justiça, após solicitação da autoridade policial.
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em nota
Atropelamento e morte
Um vídeo de câmeras de segurança mostrou o momento em que o cantor de pagode Adalto Mello é atropelado por um motorista embriagado em São Vicente, no litoral de São Paulo. Em poucos segundos, o artista é atingido pelo carro de Thiago em alta velocidade. O automóvel branco, que vinha atrás, ultrapassa um terceiro veículo e colide com a traseira da motocicleta do cantor.
O vídeo capta ainda a vítima sendo arremessada e as peças de sua moto voando pela rua. O outro carro, que testemunhou a batida, não foi atingido.
O motorista do automóvel, de 32 anos, foi preso em flagrante após o teste do bafômetro indicar a presença de álcool no organismo. O caso foi registrado na Delegacia Sede da cidade como homicídio culposo na direção de veículo automotor.
O músico era conhecido pelo trabalho na Baixada Santista e tinha como principal projeto o "Pagode do Adalto". Além de compositor, ele também atuava como educador físico e consultor de imagem. Ele deixou um filho.