Governo de SP apura se surto no Guarujá causou morte de jovem no interior
A Secretaria de Saúde de São Paulo está investigando se há relação entre a morte de uma jovem de 29 anos em Cristais Paulista, no interior do Estado, e o surto de gastroenterite no Guarujá, litoral paulista.
O que aconteceu
Informações preliminares não apontam relação entre os dois casos. A afirmação é da diretora da Divisão de Transmissão de Doenças da Secretaria de Saúde, Alessandra Lucchesi. "O que nós temos de informação é que esse caso [a morte da jovem de 29 anos] não tem relação direta com o surto no Guarujá, não é possível fazer esse tipo de afirmação no momento", disse em entrevista ao UOL.
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Análises estão sendo realizadas. De acordo com Lucchesi, o governo estadual está levantando informações para obter mais detalhes do quadro clínico da vítima e de seu histórico de doenças pré-existentes.
Jovem morreu após retornar do litoral paulista. Amanda Caroline Resende de Oliveira, 29, apresentou sintomas de virose e havia retornado de uma viagem ao litoral paulista, conforme informações da Secretaria Municipal de Saúde de Cristais. O nome da praia visitada não foi divulgado.
Ela apresentou sintomas de vômito e diarreia. Amanda relatou que os sintomas começaram logo após seu retorno do litoral. Moradora de Franca, Amanda estava em uma chácara em Cristais Paulista quando começou a passar mal e procurou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento da cidade, por volta das 8h25.
Causa da morte ainda será determinada. O corpo da jovem foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito para a análise de possíveis comorbidades e a determinação da causa da morte. A previsão é de que o laudo seja divulgado em 15 dias.
'Não é correto afirmar que é virose', diz Secretaria de Saúde sobre surto no Guarujá
Não há confirmação de virose, diz Lucchesi. "Ainda está em processo de investigação para que a gente possa precisar se é um vírus, uma bactéria ou um parasita", esclareceu. "Não é correto afirmar que é uma virose porque nós não sabemos ainda se o agente etiológico".
O surto é de gastroenterite, diz a diretora. "É uma doença que causa sintomas gastrointestinais. (...) Nós temos um surto de gastroenterite, só não temos o tamanho da extensão. Virose só se fosse confirmado que o agente causador é um vírus. Não podemos afirmar isso nesse momento. A gente segue em acompanhamento do município do Guarujá para entender a extensão desse surto, já que temos recebido relatos de que há diversas famílias adoecendo."
Gastroenterite pode ser causada por vírus, bactéria ou parasita. "São doenças que acometem o sistema gastrointestinal, vão provocar sintomas associados a vômitos, diarreia, cefaleia, a famosa dor de cabeça, ou até mesmo febre", explicou Lucchesi.
Ainda não há certeza sobre a fonte da contaminação. A Secretaria de Saúde diz que há duas principais linhas de investigação. Uma é observar possíveis alimentos contaminados e a outra é qualidade da água. "Seja para consumo humano ou do ponto de vista da balneabilidade das praias", diz a diretora.
"A gente sabe que nesse período de verão as pessoas tendem a se alimentar fora das suas residências, não se preocupam tanto com questões de higiene e nem sempre observam a refrigeração adequada ao preparar os seus alimentos. Vale destacar também o consumo de gelo na praia, sorvetes, raspadinhas, quando a gente não tem a certeza da procedência da água utilizada", avaliou Lucchesi.
Ela esclareceu que a responsabilidade da investigação epidemiológica é do município notificante, mas que o governo de São Paulo está acompanhando o processo. A investigação consiste em reunir informações de atendimento, avaliando a história clínica de cada paciente e também é apoiada na análise de amostras.
"O município ainda irá realizar coleta de amostras, seja se fezes de pacientes e até mesmo a coleta de água para que aí sim possa ser pesquisado os patógenos e que a gente consiga determinar o agente causador e a fonte comum dessa contaminação", destacou Lucchesi.
Explosão de casos no litoral
A virada do ano no Guarujá foi marcada por um 'surto' de gastroenterite. Muitos turistas e moradores buscaram atendimento médico, sobrecarregando o sistema de saúde. Entre os relatos estavam sintomas como náuseas, vômitos, diarreia e dores intensas na barriga.
Municípios vizinhos, como Praia Grande, também observaram aumento de ocorrências. A Prefeitura do Guarujá afirmou ter acionado a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para investigar possíveis vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada, que poderiam estar relacionados ao aumento de casos de virose na cidade.
A Sabesp informou em nota que o surto não tem relação com a operação da empresa. "Não foi identificado qualquer problema em sua rede que possa ter atingido as praias do Guarujá ou qualquer outra do litoral paulista. Os sistemas de água e esgoto da Baixada Santista estão operando normalmente e são monitorados 24 horas por dia", disse a empresa ao UOL.
A companhia garantiu ainda não foi notificada pela prefeitura, mas que já prestou todos esclarecimentos. Segundo a Sabesp, o Guarujá possui cerca de 45 mil imóveis irregulares, cujo despejo de esgoto pode estar sendo realizado em galerias de águas pluviais, o que afetaria a balneabilidade das praias. "Isso porque as redes municipais de águas das chuvas, que devem ser fiscalizadas pela prefeitura, desembocam no mar", afirmou a companhia.
*Com Estadão Conteúdo