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Prefeitura de SP substituirá empresas de ônibus ligadas ao PCC

Ônibus operados pela Transwolff na cidade de São Paulo - Divulgação Ônibus operados pela Transwolff na cidade de São Paulo - Divulgação
Ônibus operados pela Transwolff na cidade de São Paulo Imagem: Divulgação

A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta quarta-feira (29) que substituirá as empresas Transwolff e UPBus, investigadas por ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital), após o fim dos respectivos contratos.

O que aconteceu

Gestão municipal esclareceu que as defesas apresentadas pelas concessionárias não foram acolhidas. Ou seja, as duas empresas serão substituídas do sistema de transporte público da cidade de São Paulo. Em dezembro de 2024, o município deu prazo para que as empresas apresentassem defesa, que responderam no prazo estipulado.

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As duas atendem mais de 600 mil passageiros por dia, nas zonas sul e leste da capital paulista. A Transwolff opera 132 linhas, com 1.146 veículos e transportam 583 mil passageiros por dia. Já a Upbus tem frota de 158 ônibus atendendo 13 linhas e transportando 73 mil passageiros por dia, de acordo com a Prefeitura de São Paulo.

Investigação do MPSP. Em abril de 2024, o Ministério Público de São Paulo deflagrou uma operação contra os presidentes das empresas. A Operação Fim da Linha resultou na prisão de seis pessoas. A suspeita é de que eles têm relação com o PCC. Por isso, a SPTrans passou a administrar as linhas operadas pela Transwolff e UPBus.

Denúncia do MPSP diz que Transwolff lavou R$ 54 milhões vindos das atividades criminosas da facção. O dinheiro foi convertido em ativos lícitos e utilizados na atividade econômica da empresa, para aumentar o capital social, habilitá-la e capacitá-la para a licitação da prestação do serviço de transporte público urbano na cidade de São Paulo. O MP também afirma que o capital da empresa foi aumentado com "aporte de recursos de origem ilícita, notadamente da organização criminosa PCC".

A Prefeitura de São Paulo esclareceu que estão garantidos os serviços prestados à população. Além disso, também garantiu que serão feitos os pagamentos dos funcionários e fornecedores. Segundo a administração, a equipe técnica e jurídica dará prosseguimento à substituição da Transwolff e da UPBus, apresentando providências necessárias à manutenção do atendimento integral da população.

Ontem, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), já havia adiantado que seria "muito difícil" a continuação dos contratos com as duas empresas de ônibus. "Da defesa deles [Transwolff e Upbus] é que vamos decidir se vai ser decretada caducidade [rescisão do contrato] ou não. Pelo que a gente tá vendo, é muito difícil não ter. Não estou querendo me antecipar, mas é um sentimento que estamos tendo. Pode ser que os técnicos achem uma justificativa para não ter caducidade. Eu acho muito difícil", afirmou Nunes, durante o lançamento oficial da estação Varginha, da linha 9 Esmeralda, de acordo com o site Diário do Transporte.

Transwolff nega ligação com o PCC

Transwolff nega crime e diz que vai recorrer da decisão na Justiça de São Paulo. Em nota enviada à imprensa, logo após as declarações do prefeito, os advogados da Transwolff e do presidente afastado Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, negaram que a empresa e seu diretor tenham ligações com o crime organizado. "A empresa e seus dirigentes jamais mantiveram qualquer relação com atividades ilícitas, e essa verdade será comprovada no curso do processo judicial, que tramita sob sigilo".

A Transwolff classificou a decisão da prefeitura como arbitrária. "A Transwolff recebe com indignação a decisão arbitrária da Prefeitura de São Paulo de decretar a caducidade de seus contratos públicos, medida tomada em total descompromisso com os princípios fundamentais do direito", diz nota assinada pelos advogados Rui Celso Reali Fragoso e Renato de Mello Jorge Silveira.

A empresa afirmou que não há comprovação de elo com o PCC. "Mesmo sem nenhuma comprovação da existência de qualquer vínculo da empresa e de seus dirigentes com organizações criminosas no processo judicial sigiloso em curso, a prefeitura instaurou um procedimento administrativo repleto de inconstitucionalidades e desprovido de qualquer fundamento jurídico, utilizado como pretexto para justificar uma decisão administrativa injusta e ilegal".

O UOL tenta contato com UPBus. O espaço segue aberto para manifestação.


Cotidiano