'Ilhados e sem comida': moradores de Angra dos Reis relatam caos após chuva
Ilhados e sem comida. Moradores do Parque Mambucaba, um dos bairros mais afetados pelo temporal em Angra dos Reis (RJ), se articulam para ajudar os vizinhos mais vulneráveis: idosos, acamados, famílias com crianças e moradores que estão sem água potável.
A situação se complicou ontem à noite, quando começaram as fortes chuvas.
O que aconteceu
Moradores de Angra dos Reis relataram ao UOL que "acordaram ilhados". Tânia Regina, 53, vive com seis crianças e outros seis adultos, há mais de um ano, no mesmo bairro.
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"Estamos sem água e sem comida porque perdemos tudo", disse Tânia. Segundo ela, a água está baixando aos poucos, mas ainda sem condições de sair de casa.
Max Borges, 28, também teve a casa inteira tomada pela água. "Alagou tudo. Também estamos ilhados e tivemos muitas perdas materiais. Há alagamentos em muitos estabelecimentos. A água parece que está abaixando". Borges contou ainda que apenas moradores do bairro estão mandando ajuda.
"Acordei com a água em cima da gente". Hérica de Freitas, 20, estava com a filha de dois anos quando acordou com a água batendo no peito.
Minha casa estava em obra, mas, agora, está toda alagada. Infelizmente, tudo foi embora. Perdi tudo. (...) Estou na casa de vizinhos porque, infelizmente, dentro da minha casa está só água. Hérica de Freitas, 20, moradora do Parque Mambucaba
Algumas pessoas estão se organizando para ajudar a vizinhança. Geisi Ferreira, 34, é uma delas. "Na última vez que isso aconteceu, eu fui uma das vítimas. Perdi todas minhas coisas na enchente", lembra. "Agora, estamos na igreja fazendo uma arrecadação de doações, além de distribuir sopa e marmita para as pessoas que não estão conseguindo sair de casa".
Em grupo de WhatsApp, moradores organizam e pedem ajuda. "Estamos sem água para beber", disse uma das mulheres. "Perdi tudo, as coisinhas da minha minha filha de escola, minhas coisas", escreveu outra.
Angra dos Reis em estado de emergência
Nesta tarde, a prefeitura decretou situação de emergência. A cidade, localizada na região da Costa Verde, é uma das mais afetadas pelas fortes chuvas que atingem o estado do Rio de Janeiro desde a noite de ontem. Até as 16h, 346 moradores do município estavam desalojados, segundo a gestão municipal.
Volume acumulado de água. A chuva que atingiu a cidade provocou alagamentos, deslizamentos e transbordamento de rios em menos de 24 horas.
Situação de emergência. Com o decreto, o município pode acessar recursos estaduais e federais, além de realizar compras emergenciais e adotar medidas imediatas de proteção à população, como evacuação de áreas de risco e uso de propriedades em situações emergenciais.
Moradores desalojados. Ao todo, 346 pessoas deixaram suas casas temporariamente. Sirenes e alertas por SMS foram acionados em 46 bairros do município para alertar a população. Há 36 pontos de apoio, incluindo quatro abrigos, no município.
Defesa Civil fez 27 vistorias e três interdições. A força-tarefa que atua na cidade trabalha desde ontem com retirada de pequenas barreiras e árvores caídas, assim como entulhos.