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Por que as pesquisas eleitorais em SP mostram resultados diferentes

Pesquisas eleitorais em São Paulo divergem Imagem: Divulgação/TSE

Do UOL, em São Paulo

23/08/2024 11h05Atualizada em 23/08/2024 12h20

As mais recentes pesquisas eleitorais para a Prefeitura de São Paulo realizadas por três institutos mostram cenários diferentes. A explicação para isso são as metodologias adotadas por Datafolha, AtlasIntel e Paraná Pesquisas.

O que aconteceu

Guilherme Boulos (PSOL) lidera na AtlasIntel e aparece numericamente à frente no Datafolha; Ricardo Nunes (MDB) aparece numericamente à frente no Paraná Pesquisas. O Datafolha aponta empate triplo entre Boulos (23%), Pablo Marçal (21%) e o prefeito Nunes (19%). O instituto Paraná Pesquisas mostra Nunes (24,1%) empatado com Boulos (21,9%) na margem de erro, enquanto Marçal tem 17,9% (e empata tecnicamente com Boulos). O levantamento da AtlasIntel indica Boulos (28,5%) isolado na liderança; Nunes aparece com 21,8% e Marçal com 16,3%.

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Cada instituto tem metodologia própria. Enquanto a AtlasIntel fez 1.803 consultas pela internet, as sondagens do Datafolha (1.204 pessoas) e do Paraná Pesquisas (1.500) são presenciais. Há ainda diferença na abordagem presencial: o Datafolha realiza as entrevistas na rua, e o Paraná Pesquisas vai à casa dos eleitores.

As nuances das sondagens podem alterar os resultados, diz pesquisador. "A Atlas é online, e essa é uma diferença grande. Mas as metodologias presenciais não são iguais", afirma Neale El-Dash, estatístico especializado em pesquisa eleitoral. "Depende do treinamento dos entrevistadores, do questionário, dos diferentes cenários apresentados, de quais candidatos foram considerados. Muitas coisas que podem explicar essas diferenças."

Pesquisas devem convergir com a proximidade da eleição Imagem: O Antagonista

CEO da AtlasIntel, Andrei Roman defende o método online. Ele diz que sua pesquisa elimina "o impacto psicológico do contato do entrevistador com o entrevistado" na metodologia presencial.

O eleitor abordado na rua pode nem gostar de política, diz Roman. "Sua opção de voto não está cristalizada, mas, quando lhe apresentam uma lista de candidatos, esperam que ele escolha", afirma. "Ele provavelmente vai apontar alguém que já ouviu falar ou tem pouca rejeição."

O Datafolha defende três razões para apostar na abordagem presencial:

  1. Maior chance de atingir todos os segmentos do eleitorado. "Chegamos a cidades de pequeno, médio e grande porte e entrevistamos quem está no topo e na base da pirâmide social", diz a diretora do instituto, Luciana Chong.
  2. Possibilidade de atingir pessoas sem intimidade com a internet. "O acesso é quase universal, mas o letramento digital ainda não atinge todos os segmentos", afirma Chong.
  3. Gravação e checagem das entrevistas. "No online, não há checagem dos dados", diz ela, que questiona a tese de pressão psicológica em entrevistas presenciais: "Nunca vi estudo que comprove essa tese."

Roman também defende o uso do Censo do IBGE pelos institutos. Ele diz que a Atlas coleta os dados dos votantes no site e "calibra" as amostras de acordo com o perfil demográfico do município informado pelo censo, separando os resultados conforme o perfil socioeconômico.

O Datafolha utiliza variáveis de gênero e idade com bases em dados da Justiça Eleitoral. "Infelizmente, ainda não temos disponíveis todos os dados do último censo", afirma. "Escolaridade, renda, cor e religião são resultados da pesquisa que vamos acompanhando a cada rodada."

A Paraná Pesquisas diz que não há pesquisa igual. "Mesmo entre os institutos com metodologia semelhante, alguns dados de coleta e de treinamento dos entrevistadores podem mudar", diz Murilo Hidalgo, CEO do instituto.

Ele afirma que o momento em que a pesquisa acontece é crucial. Quando José Luiz Datena (PSDB) lançou sua candidatura, ele subiu nas pesquisas. Agora que Marçal está em evidência após polêmicas em debates, seu nome ascendeu.

O objetivo das pesquisas "é maior do que acertar o resultado da eleição", diz a diretora do Datafolha. "As pesquisas democratizam a informação, que poderia ser exclusiva de partidos, candidatos e empresas", afirma Chong.

[Em 2022] Trouxemos informações que não seriam conhecidas sem as pesquisas: a polarização entre Lula e Bolsonaro que se manteve do início ao fim, a inviabilidade da terceira via, o percentual de eleitores que ainda poderiam mudar de opinião na véspera da eleição.
Luciana Chong, do Datafolha

Proximidade da eleição importa

As pesquisas devem retratar melhor a intenção do eleitor à medida que a eleição ganha popularidade. "As pessoas vão formando opinião conforme a eleição se aproxima", diz o estatístico El-Dash. "A tendência é o percentual [ainda alto] de votos brancos e nulos migre para os candidatos."

Pesquisa eleitoral sempre será a fotografia de um momento.
Murilo Hidalco, da Paraná Pesquisas

Os eleitores são expostos a notícias (verdadeiras e falsas) a todo momento, e qualquer fato novo relevante pode mudar a opinião do eleitorado. Por isso fazemos em até três dias para evitar contaminação.
Luciana Chong, do Datafolha

Se o eleitor apoia alguém muito radical, ele pode dizer que votará em outra pessoa. Na consulta anônima pela internet, ele pode ser mais honesto.
Andrei Roman, da AtlasIntel

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