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Marçal diz que não quer problema com STF e repete tática de cortar vídeos

Do UOL, em São Paulo

03/09/2024 00h58Atualizada em 03/09/2024 09h29

O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) disse nesta segunda-feira (2) em entrevista ao Roda Viva que "não quer problema com o STF" e que não vai mudar o comportamento que rende cortes e curtidas nas redes sociais.

O que aconteceu

Marçal se esquivou ao ser questionado sobre suposta ação de Alexandre de Moraes na disputa pelo comando do PRTB. "Eu já estou arrumando problema com governador de estado, com prefeito da cidade, com o presidente da República. Vou arrumar com o STF? Isso não é briga minha agora", disse.

Presidente do partido de Marçal, Leonardo Avalanche disse ter tido apoio de grandes figuras políticas para assumir o controle da legenda. Em áudio obtido pelo portal Metrópoles, o dirigente fala que o ex-presidente Michel Temer, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e Moraes estão por trás de movimento para colocá-lo à frente do partido. Segundo Avalanche, Moraes teria dado a ele acesso antecipado a decisões do TSE.

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Sobre um eventual impeachment de Moraes, Marçal disse haver um "desequilíbrio dentro da República", mas disse que a apuração cabe ao Congresso Nacional. "Eu, como jurista, sei como é o Supremo, está muito político, está tentando dosar a radicalidade que já tivemos no passado e acho que já passou do limite", afirmou. "Esse é um recado para os 11 ministros do STF: confiamos na Justiça, não precisamos ter uma Corte política. Vamos voltar a defender a nossa suprema Carta, a Constituição de 1988".

Jair Bolsonaro (PL) convocou apoiadores para ato na avenida Paulista, em São Paulo, em 7 de Setembro. Em vídeo, o ex-presidente disse que candidatos à Prefeitura estão autorizados a subir no trio elétrico, sem citar nomes. O evento está sendo planejado pelo pastor Silas Malafaia, que defende impeachment de Moraes.

Cortes de vídeos para redes sociais

Marçal interrompeu e ironizou os jornalistas convidados várias vezes. A apresentadora, Vera Magalhães, pediu que ele respeitasse o programa e deixasse os cortes de lado. "Estou liderando as pesquisas de intenção de voto por ser a pessoa que usa essa ferramenta [dos cortes]", declarou o candidato.

Ele disse que essa estratégia é fundamental para ele, já que não tem direito à propaganda eleitoral gratuita. "Estou sem fundão eleitoral, padrinho político, não tenho tempo de TV. Vocês vão ter que aguentar os cortes", declarou. "Estou respondendo do jeito que preciso responder, como candidato. Se você quiser esquecer o corte, eu preciso ir embora. Eu não tenho marqueteiro, você quer tirar a única coisa que eu sei fazer?".

A monetização desses cortes, como são chamados trechos curtos de vídeos, compartilhados por várias contas, levou à suspensão das redes sociais do candidato. A ação foi movida pelo PSB, e agora a Justiça Eleitoral apura se houve abuso de poder econômico. Em vídeos, Marçal diz promover campeonatos entre apoiadores e remunerar os que tiverem os cortes com mais visualizações.

Ele disse que está tranquilo quanto à investigação, porque não houve pagamentos durante o período eleitoral. "Estou bem com isso, não tem o que pedir para eu parar, porque eu sabia que isso ia dar problema", falou. "Não paguei [no período eleitoral]. Dentro da pré-campanha e da campanha, não houve".

Houve um campeonato entre os dias 24 de junho e 7 de julho no canal do Discord "Cortes do Marçal". Segundo as regras, os competidores deveriam incluir a hashtag #prefeitomarçal nos vídeos. A premiação era de R$ 50 a R$ 50 mil, como mostrou reportagem da agência de checagem Aos Fatos. Ao ser confrontado pela informação no Roda Viva de hoje, Marçal disse: "ache o pagamento"." Da minha parte, fiquei em paz, não coloquei, não coloco e não vou colocar meu dinheiro [na campanha eleitoral]".

Empresário disse que "não faz ideia" de quanto já gastou nessas premiações a seguidores. "Foi um dinheiro razoável. Eu não faço ideia, você imagina. Tem semana que eu aprovo R$ 35 milhões de saída de pagamento, eu vou lá olhar quanto gasto com isso?", falou. "Você imagina alguém que olha saídas em dezenas de milhões, eu vou saber quanto gastou com corte? Isso é um negocinho desse tamanhinho dentro das minhas companhias".

Marçal foi questionado sobre o motivo de não divulgar a todo o público essas quantias que estão sendo contestadas. "Imagina se eu vou responder isso. É só pedir no processo, para mim, está tudo certo", declarou.

"Quem votou no Lula deve ser [idiota]." O autodenominado ex-coach foi questionado sobre declaração de que "eleitor gosta de idiotice". Ao podcast Flow, o candidato afirmou: "no processo eleitoral, você precisa ser um idiota. Infelizmente, nossa mentalidade gosta disso, e por ser o povo que gosta disso, preciso produzir isso". Ele negou que ache que os eleitores sejam idiotas, mas citou os eleitores de Lula. "Porque depois de tudo que foi feito, só pode ser um idiota para votar na pessoa de novo", declarou.

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