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Datena dá cadeirada em Marçal e TV Cultura interrompe debate

Do UOL*, em São Paulo

15/09/2024 23h16Atualizada em 16/09/2024 02h02

O apresentador José Luiz Datena (PSDB) agrediu o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) durante debate na TV Cultura neste domingo (15). A emissora interrompeu o debate e expulsou o tucano.

O que aconteceu

Datena se aproximou do púlpito de Marçal e bateu nele com uma cadeira. Marçal se defendeu com os braços. Seguranças entraram no palco e a TV Cultura chamou o intervalo, exibindo imagens de programas antigos da emissora.

Imediatamente antes da cadeirada, Marçal disse que Datena "não era homem" para bater nele e o chamou de "arregão". O ex-coach estava fazendo referência ao debate da TV Gazeta/My News, em 1º de setembro, quando Datena deixou seu lugar no palco e foi em direção a Marçal. A mediadora do debate, Denise Campos de Toledo, chegou a chamar os seguranças, mas Datena retornou ao local onde estava posicionado, sendo advertido.

Após dar a cadeirada em Marçal, Datena pegou uma segunda cadeira, mas não jogou. Foi contido por seguranças e por Ricardo Nunes (MDB) — dono da segunda cadeira. Enquanto isso, Marçal estava em pé, com seguranças a sua frente. Imagens gravadas de dentro do estúdio indicam que Datena e Marçal continuaram batendo boca depois da agressão.

A agressão ocorreu no quarto bloco, mas a tensão entre Datena e Marçal começou antes, no segundo bloco, quando Marçal afirmou que Datena assediou uma mulher. Datena foi sorteado para fazer uma pergunta para Marçal, mas disse que preferiu se reservar "o direito de não perguntar nada para o Pablo Marçal, porque até agora ele subverteu toda perspectiva desses debates". No seu tempo de resposta, Marçal chamou o apresentador de "Dapena", acusou o apresentador de um caso de assédio sexual e disse que ele deveria pedir perdão às mulheres. "Eu quero saber se você tocou na vagina dela como é que foi essa questão de assédio sexual".

Datena se disse inocente, falou que caso foi arquivado e acrescentou que esse foi um tema que gerou "grande problema" para a família dele. "Foi uma acusação e a polícia não viu prova nenhuma, nem o Ministério Público, que arquivou o processo. A pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas."

Já no quarto bloco, Marçal voltou a provocar Datena ao perguntar quando o tucano iria deixar a disputa eleitoral. O apresentador usou seu tempo de resposta para voltar a se defender da acusação de assédio.

Datena disse que não havia provas do assédio e que o assunto "chegou a provocar a morte da minha sogra por calúnia e difamação, depois de três AVCs". Em seguida, lembrou que Marçal foi condenado pela Justiça. "Todos nós estamos falando aqui de uma condenação. ... Você foi condenado como bandidinho, ladrãozinho de dados de internet", disse. "Você foi condenado." Quando a palavra voltou para Marçal, o ex-coach disse que Datena "não era homem" para enfrentá-lo. A isso se seguiu a cadeirada. A cadeira usada por Datena para agredir Marçal era a da candidata Marina Helena (Novo), disse ela em entrevista.

No intervalo, Marçal pediu para se retirar do debate e seguiu para um hospital, segundo a sua assessoria.

A TV Cultura expulsou Datena do debate após a agressão, conforme previsto nas regras. O debate então continuou a ser transmitido ao vivo com os demais candidatos: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (NOVO). O apresentador Leão Serva afirmou que antes da agressão, Datena havia cometido outras falhas graves, ao usar duas palavras de baixo calão.

O apresentador Serva disse que foi "um dos momentos mais absurdos da TV brasileira, certamente dos debates".

Já fora do debate, Datena deu entrevista, reconheceu que perdeu a cabeça e disse que a agressão foi uma "reação humana". Em conversa com jornalistas na saída da TV Cultura, o candidato do PSDB justificou que reagiu às acusações feitas por Marçal.

O tucano disse que pretende manter a candidatura até o fim, apesar do episódio. "Eu pretendo me manter candidato até o fim. Depende do partido, depende de todo mundo. Pretendo continuar como candidato", declarou.

Você é um arregão. Você atravessou o debate [da TV Gazeta em 1º de setembro] esses dias pra me dar um tapa e falou que você queria ter feito. Você não é homem nem pra fazer isso. Você não é homem.
Pablo Marçal, imediatamente antes da cadeirada

Infelizmente, eu perdi a cabeça. Não devia ter perdido? Acredito que não. Poderia ter simplesmente deixado o debate e ido embora pra casa, que teria sido melhor.
José Luiz Datena, candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB

Infelizmente, Marçal precisou sair do debate às pressas, em uma ambulância, para receber cuidados médicos em caráter emergencial. É lamentável que o debate tenha continuado, mesmo sem a presença do candidato agredido.
Nota da campanha de Pablo Marçal (PRTB)

Datena deixa debate na TV Cultura após agredir Marçal com uma cadeira Imagem: Ana Paula Bimbati/UOL

Episódio de assédio

Pergunta de Marçal não especificou quem era a vítima. Mas uma ex-repórter do Brasil Urgente, programa apresentado por Datena na Band, acusou o apresentador de assédio em um caso de 2018. A mulher disse, em entrevista ao site Notícias da TV naquele ano, que o caso ocorreu em uma confraternização da emissora em 2018. "Eu confirmo todas as informações de assédio que foram publicadas", disse ela.

*Participaram desta cobertura Ana Paula Bimbati, Bruno Luiz, Caíque Alencar, Fabíola Perez, Laila Nery, Saulo Pereira Guimarães e Wanderley Preite Sobrinho, do UOL, e Caio Santana, em colaboração para o UOL.

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