Banco de tempo: colunistas comentam sobre formato do debate Folha/UOL em SP
Do UOL, em São Paulo (SP)
29/09/2024 12h16
O debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo promovido pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo, que acontece nesta segunda-feira (30), usará o formato de banco de tempo: cada candidato terá o total de 20 minutos para falar nos quatro blocos do encontro. Veja o que colunistas do UOL comentaram sobre o formato.
Andreza Matais
A eleição para a Prefeitura de São Paulo criou uma nova mania nacional: agora todo mundo é "técnico" de debate de televisão. Coloca um ao lado do outro, afasta os candidatos, tira a cadeira, coloca a cadeira, deixa o pau comer, para que convidar o Pablo Marçal? O mediador não pode agir assim ou assado... Basta ler os comentários nas reportagens sobre o tema para ver que sobram ideias.
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Assim como na Copa do Mundo, quando todo brasileiro vira técnico de futebol, a eleição em São Paulo estourou a bolha e tem mexido com as emoções país afora. Duvido que você não tenha um parente ou conhecido que já disse que irá votar em X ou Y, mesmo não votando em São Paulo.
E isso não tem a ver apenas com estarmos falando da maior cidade do país ou com o fato de que o vencedor irá administrar R$ 119 bilhões a partir de 1º de janeiro, o maior volume de recursos da história de São Paulo. Essa eleição ganhou as rodas de conversa porque virou briga de rua e expôs o pior lado de todos.
Mas até na bagunça é preciso ter regras. O debate do UOL/Folha vai inovar ao permitir que os candidatos se manifestem em qualquer pergunta, mesmo que não tenha sido dirigida a eles. Assim, cobrará maturidade dos participantes. Quem falar demais vai perder a voz e nem poderá culpar o coleguinha por isso.
Reinaldo Azevedo
Sendo uma fotografia correta do momento os números das pesquisas respeitáveis, vive-se a semana decisiva daquela que se afigura a mais incerta disputa pela Prefeitura de São Paulo. E isso faz crescer a importância dos dois últimos debates: o do UOL/Folha, nesta segunda, e o da Globo, na quinta.
Note-se que tais embates têm tido especial importância nesta eleição, daí o número recorde de eventos. Em parte, isso se explica pela ausência de Pablo Marçal (PRTB) no horário eleitoral. A confrontação direta com adversários amplia a sua audiência além da sua bolha nas redes. Colabora para que se mantenha competitivo, mas também aumenta a sua rejeição. Note-se: a importância da eleição na capital vai além da definição do vencedor. Direi por quê.
Não estou entre os que pensam que eleição municipal é predição da presidencial. O ponto é outro. É improvável que Nunes não esteja no segundo turno, apontam todos os especialistas. É pouco provável que seu oponente não seja Boulos. No reino do possível, no entanto, uma e outra coisa poderiam acontecer. Mesmo fora do certame final, Marçal já tem assegurado o seu lugar nos arranca-rabos internos da extrema direita. Se passa pelo crivo do primeiro turno, quem deve se cuidar é Jair Bolsonaro; se vencesse, o "capitão" se tornaria soldado do "coach". Caso Boulos não chegue ao segundo turno, a reeleição de Lula não estará condenada, mas haverá um cataclismo no campo progressista. E será preciso rearranjar muita coisa.
Finalmente, saúdo o modelo escolhido para o debate UOL/Folha. O banco de tempo é a melhor saída. O formato conserva a pergunta de candidato para candidato, coisa de que, em si, não gosto e considero inútil. Mas o efeito negativo se anula com a correta e oportuna possibilidade de qualquer outro comentar o tema em questão.
Raquel Landim
Chegou à reta final a campanha para a Prefeitura de São Paulo, e os dois debates desta semana — UOL/Folha e Globo — aparecem como as últimas oportunidades para os candidatos convencerem o paulistano, que, em sua maioria, ainda não está convicto do voto.
Segundo um índice criado pelo Datafolha que mede o grau de afinidade do eleitor com os postulantes, 59% dos votantes está apenas "inclinado" ao candidato que escolheram. Ou sejam podem mudar de ideia e só abraçaram aquela opção por falta de algo melhor.
Os últimos debates surgem, portanto, como uma chance de finalmente apresentarem propostas para a maior cidade da América Latina sem agressividade. Cadeiradas, socos e gritaria geram cortes em rede social e audiência, mas não se traduzem em votos e, sim, em aumento da rejeição.
Josias de Souza
A fórmula do "banco de tempo", adotada no debate UOL/Folha, impõe aos candidatos à Prefeitura de São Paulo um novo desafio. Ricardo Nunes, Guilherme Boulos, Pablo Marçal e Tabata Amaral serão donos dos seus próprios cronômetros.
O debate terá quatro blocos — dois com perguntas entre os contendores, dois com indagações de jornalistas. Cada candidato disporá de um total 20 minutos, podendo utilizá-los como bem entender. Bem administrado, o relógio pode ser um ativo. Mal gerido, também pode resultar em prejuízos incontornáveis.
Nesse jogo, um candidato perdulário se arriscará a chegar ao final do debate sem fundos, tornando-se um alvo indefeso. O tempo de um minuto previsto para as considerações finais pode ser insuficiente para eventuais contragolpes.
Para a plateia, o banco de tempo é um inegável atrativo, pois favorece o dinamismo do debate. Para os candidatos, pode ser arma ou armadilha. Ficará entendido que alguém que não dispõe de inteligência emocional para gerir o próprio relógio talvez não tenha capacidade para administrar a prefeitura da maior e mais rica cidade do país.
Tales Faria
Pablo Marçal (PRTB) levará algum candidato a perder a cabeça? Vai tomar uma nova cadeirada? Algum de seus assessores dará um soco em outro candidato? Infelizmente é em torno do ex-coach que se concentra a expectativa do público sobre debates eleitorais como o que o UOL e a Folha promoverão nesta segunda-feira.
Sem tempo na propaganda eleitoral do rádio e da TV devido ao fato de seu partido não ter representação no Congresso, Pablo adotou a estratégia de chamar a atenção promovendo baixarias. Por conta disso, os debates passaram a ter regras cada vez mais rígidas, como o de ontem da Record, em que ele não conseguiu se destacar.
No debate UOL/Folha, os organizadores também pretendem garantir o cumprimento à risca das regras, mas num formato que prioriza o livre embate de ideias. Cada candidato poderá levantar a mão e se manifestar sobre qualquer resposta do adversário, mesmo que a pergunta não tenha sido dirigida a ele. E mais: será submetido a um banco de tempo de 20 minutos a ser gasto nos quatro blocos do programa.
Vamos ver se Pablo não consegue atrapalhar.