Enteado de Domingos Brazão perde eleição e fica fora da Câmara do Rio
Do UOL, em São Paulo
06/10/2024 21h45
Kaio Brazão (Republicanos-RJ) não foi eleito vereador do Rio de Janeiro. Ele teve 10.074 votos. Era a primeira vez que ele concorria ao cargo. Ele é enteado de Domingos Brazão, preso por envolvimento no assassinato de Marielle Franco.
Votos de Kaio constam como anulados sub judice no Tribunal Superior Eleitoral. Ele teve a candidatura indeferida, recorreu da sentença e seguiu fazendo campanha enquanto aguarda resultado do processo.
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Para a Justiça, candidatura de Kaio seria uma tentativa dos Brazão de manter influência política no reduto eleitoral da família em áreas dominadas pela milícia na zona oeste do Rio. "A candidatura corresponde à prática de currais eleitorais, que aniquilam a liberdade do voto", considerou a juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo em decisão.
Quem é Kaio Brazão
Kaio Brazão Filho é o nome de urna de Kaio Kroff Paiva. Ele é filho de Alice de Mello Kroff Paiva, esposa de Domingos Brazão. Em 2020, entrou com um processo para incluir legalmente o sobrenome "Brazão". Um dos slogans da campanha dele era "a nova geração vem forte".
Além do padastro, jovem tem ligação com o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido), também acusado de planejar a morte da vereadora Marielle Franco.
Ele pediu liberdade para o pai no evento de lançamento de sua candidatura em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, reduto da família Brazão. Neste dia, Kaio ouviu de um aliado, em cima do palanque, que "a ausência de nosso líder [Domingos] causa uma tristeza".
Desde 2021, Kaio trabalhava como assessor parlamentar no gabinete de Waldir Brazão (União Brasil). Em abril, ele foi exonerado do cargo comissionado que ocupava na Câmara Municipal para poder concorrer ao cargo. O jovem é formado em Gestão Pública.
Em setembro, a Justiça Eleitoral negou o registro do candidato. Desde então, ele recorre da sentença e continuou fazendo campanha até que o processo transite em julgado — ou seja, não haja mais recurso possível.
Juíza considerou que candidato se aproveitou do poder político e econômico dos Brazão. Ela cita um evento em dezembro do ano passado, em que Kaio distribuiu várias bicicletas em Jacarepaguá. A compra das bicicletas consta em documento que integra a investigação do assassinato de Marielle.