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Boulos reedita carta de Lula e diz que dormirá na casa de eleitores em SP

Do UOL, em São Paulo

21/10/2024 11h08Atualizada em 21/10/2024 21h55

Para tentar atrair votos na reta final, o candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) reeditou a "Carta ao povo brasileiro", lançada pelo presidente Lula (PT) durante a campanha de 2002, e anunciou que vai dormir na casa de eleitores.

O que aconteceu

Boulos iniciou pronunciamento fazendo leitura de carta que busca diminuir rejeição. O texto repete o documento feito por Lula no ano em que foi eleito presidente pela primeira vez — na época, o documento serviu como uma sinalização para empresários de que o petista se comprometia a seguir as propostas apresentadas.

Na carta intitulada "Ao Povo de São Paulo", o candidato disse que, se eleito, seu governo "será de diálogo" e "sem amarras ideológicas". O deputado federal somou 56% dos eleitores respondendo que não votariam nele de jeito nenhum, segundo pesquisa Datafolha divulgada na semana passada.

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"A esperança pode, sim, vencer o medo", discursou Boulos, resgatando slogan de campanha de Lula. O entorno do candidato do PSOL ainda vê espaço para transferir votos entre os eleitores do petista. Segundo o Datafolha, 26% deles devem votar em Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.

Carta foi lida em frente ao prédio da prefeitura e durante fala funcionários públicos foram para janela acompanhar o discurso. "Ter uma cidade mais humana em que a solidariedade não seja destruída pela indiferença é o que eu acredito e quero fazer. Sei que muitos de vocês compartilham desse sonho e têm dúvidas e receios. (...) Peço aqui um voto de confiança. Eu me preparei para governar nossa cidade. Estudei cada contrato, cada solução, chamei a Marta [Suplicy, do PT] com sua experiência administrativa para ser minha vice", discursou.

A participação de Lula no último ato de campanha é incerta. Havia a expectativa de que ele fizesse uma caminhada com Boulos na região central nas vésperas do segundo turno. A queda do petista, que resultou num ferimento na nuca, entretanto, pode mudar os planos. No sábado (19), eles fariam duas caminhadas nas zonas sul e leste, que foram canceladas após chuva.

Em aceno a eleitores de Pablo Marçal (PRTB), Boulos disse que sabe que "muitos estão descrentes com a política". "Não desistam da mudança, desistir é e desistir do futuro", disse. O candidato tem repetido que 70% dos paulistanos votaram pela mudança e aposta nisso para virar votos no segundo turno.

O psolista também direcionou trechos da carta para trabalhadores autônomos, "manicures, motoboys" e a moradores da periferia. "Você que pega um carro e dirige a cidade toda como motorista sabe disso, muita vezes nós deixamos de falar com vocês", disse.

Boulos está atrás em todas as pesquisas de intenção de voto. No último Datafolha, o psolista marcou 33% contra 51% de Nunes. O candidato à reeleição chegou a perder quatro pontos percentuais, mas que não foram transferidos para o candidato do PSOL.

Reconheço também que, pelo nosso propósito de olhar sempre para os invisíveis, muitas vezes nós da esquerda deixamos de falar com tanta gente que também batalha, sofre o dia a dia das periferias e que buscou encontrar sua própria forma de ganhar a vida. A periferia mudou. Você, mulher, que foi abrir seu salão, vender salgados na garagem de casa ou na porta do metrô, sabe disso. Você, jovem, que financiou uma moto e foi trabalhar sem parar e sem nenhuma proteção, sabe disso. Você que pega um carro e dirige a cidade toda como motorista de aplicativo sabe disso. Muitas vezes nós deixamos de falar com vocês.
Trecho de carta lida por Guilherme Boulos

Caravanas pela cidade

O psolista afirmou que fará caravanas ao longo desta semana pela cidade. "Hoje de manhã, saindo de casa, arrumei minha mochila e a partir desse momento, eu só vou voltar pra casa no final desta semana", disse. O candidato vai se locomover pela cidade como uma van, que recebeu o adesivo "Caravana da Virada".

"Vou virar voto 24 horas por dia, daqui até se abrirem as urnas, porque eu acredito nessa vitória", afirmou Boulos. Segundo ele, as pessoas que vão recebê-lo se voluntariam após a campanha falar da ideia. Segundo o UOL apurou, são eleitores do prórpio deputado que vão recebê-lo em suas casas.

A caravana vai começar nesta segunda pela zona norte. O candidato do PSOL disse que vai encerrar o dia na Brasilândia, onde dorme na casa de uma professora. Nos próximos dias, ele visita a região central, depois o Grajaú, na zona sul. Na quinta (24) fica em São Mateus, na zona leste, e encerra a semana na zona oeste, na sexta, quando ele se preparará para o debate da TV Globo.

Para virar votos e acenar a outros eleitorados, a campanha mira eventos com públicos específicos. Hoje à noite, o psolista se reúne com evangélicos — grupo de eleitores que seu adversário lidera na intenção de votos. Antes do primeiro turno, Boulos fez um encontro com lideranças progressistas do segmento.

Nunes ironizou a decisão de Boulos de dormir na casa de eleitores, mas disse que é preciso ter "humildade". "Eu não consigo não rir, né? É uma estratégia dele, cada um vai dentro das suas estratégias. As pesquisas que me colocam como uma uma vantagem, mas isso não tem mexido com a minha cabeça", afirmou em evento na tarde desta segunda, em encontro com lideranças femininas.

Tenho pedido pra gente poder ter muita humildade, receber o resultado com alegria, com satisfação, pela população nos dar esse privilégio, mas consciente de que as urnas fecham só as 17h de domingo. [Estarei] Muito firme até o último momento, com muita humildade.

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