Sebastião Melo (MDB) é reeleito em Porto Alegre após disputa polarizada
Hygino Vasconcellos
Colaboração para o UOL, em Porto Alegre
27/10/2024 18h15
Sebastião Melo (MDB) foi reeleito prefeito de Porto Alegre neste domingo (27) após derrotar Maria do Rosário (PT) no segundo turno. A vice-prefeita será Betina Worm (PL).
Com 100% das urnas apuradas, ele teve 61,53% dos votos (406.467). Rosário teve 38,47% (254.128).
"Não tem terceiro turno. Nós vamos unir a cidade. Tentaram crucificar o Melo das enchentes, e o povo respondeu com mais de 61% e julgou o Melo das enchentes, mas julgou o Melo dos quatro anos de governo", disse em pronunciamento oficial após a vitória. "Não será o mesmo governo, vamos anunciar um escritório de transição para melhorar o que está indo bem, chegar onde não chegamos e fazer o conserto daquilo que não deu certo e que eu sou o primeiro a reconhecer."
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O que aconteceu
Melo recebeu apoio de candidato e partido derrotado. Após o primeiro turno, o emedebista recebeu apoio de Felipe Camozzato (Novo), que ficou em quarto lugar na disputa pela prefeitura, e do PRTB, de Carlos Alan, que somou 0,07% dos votos na capital.
Governador também declarou apoio a Melo. Eduardo Leite (PSDB) manifestou apoio ao atual prefeito, o que foi considerado por petistas como "traição", segundo a CNN. Isso porque, em 2022, o PT apoiou Leite na disputa de segundo turno contra Onyx Lorenzoni (PL), expoente do bolsonarismo.
Vitória ocorre após maior enchente de Porto Alegre. Melo estava à frente da administração municipal quando bairros inteiros ficaram debaixo d'água —inclusive a própria prefeitura, localizada no centro da cidade.
Atuação de Melo na crise foi alvo da adversária. Em debate na Band RS, já no segundo turno, Maria do Rosário alfinetou o adversário sobre o sistema de contenção a cheias, que apresentou problemas. "Sei que quem planeja e constrói o sistema de proteção é o governo federal. Mas não é o presidente da República quem deve, de Brasília, ver se as borrachas de vedação das comportas estão funcionando, se as casas de bombas estão em boas condições. Quem tem esta obrigação é o prefeito, era o senhor", disse a petista.
Com a eleição de Melo, a direita se mantém no poder. A cidade deixou de ser governada pelo PT em 2005, quebrando um ciclo consecutivo de nomes da sigla à frente da Prefeitura de Porto Alegre.
Melo recebeu apoio de Jair Bolsonaro (PL). Com isso, a aliança feita em 2020 se repetiu. Bolsonaro foi ao Rio Grande do Sul para oficializar a candidatura da vice na chapa, a tenente-coronel do Exército Betina Worm.
Quem é Sebastião Melo
Melo está na política há mais de 40 anos. Ele é filiado ao MDB desde 1981 e tentou por cinco vezes se eleger vereador em Porto Alegre antes de conseguir o primeiro mandato, em 2000. Foi novamente eleito ao cargo outras duas vezes, ficando na Câmara Municipal até janeiro de 2013.
Nas eleições de 2012, foi eleito vice. Melo compôs chapa com José Fortunati (PDT na época). Após quatro anos, tentou pela primeira vez o cargo de prefeito. Chegou a ir para o segundo turno, mas foi derrotado por Nelson Marchezan Jr. (PSDB). Em 2018, foi eleito deputado estadual.
Enfim, a prefeitura em 2020. Melo recebeu 370.550 votos (54,63% dos votos válidos), contra 307.745 votos de Manuela D'Ávila (45,37%), com quem disputou o segundo turno das eleições.
Natural de Piracanjuba (GO), é advogado. Ele chegou ao Rio Grande do Sul no final dos anos 1970, para "vencer na vida", como declarou para o jornal O Popular em 2020. Formado em Direito pela Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), começou a carreira na advocacia na década de 1980.
Porto Alegre em reconstrução
Com pouco mais de 1,3 milhão de habitantes, Porto Alegre ainda está em reconstrução por conta da enchente de maio. Em agosto, três meses após as enchentes, a capital dos gaúchos tinha "bairros-fantasmas". No bairro Sarandi, por exemplo, 878 famílias perderam totalmente suas residências. Ali, 26 mil dos 91 mil moradores foram de alguma forma impactados.